
Relatamos a vida de Plotino e a consonância do seu carácter com o ritmo xeral do seu tempo, mas o que dizer do seu proxecto filosófico? Como se reflecte esta consonância ao nível dos conceitos? Para o explicar necessitamos de mergulhar um pouco mais cuidadosamente no momento filosófico que representa o século III da nossa era. Neste capítulo, ocupar-nos-emos a delinear, em traços xerais, os desafios e os problemas a que a filosofia plotiniana responde, que consistem fundamentalmente nunha “emenda” a Platón. Perante unha filosofia temos sempre que perguntar o que leva à cena que antes non existisse. Se a história da filosofia fosse um teatro de marionetas, Plotino seria unha personáxe completamente nova. Antes dele tínhamos o filósofo grego (fosse académico, cínico, estoico…) e o practicante de relixións orientais (bramanismo, zoroastrismo, gnosticismo…). Mas Plotino é algo diferente, algo que está a acontecer no Exípto e na sua capital cultural, Alexandria: representa um terreno a meio caminho entre as duas figuras anteriores e que nega ambas por igual. Trata-se de unha fusón, mas era necessário talento para a levar a cabo; non bastaba “misturar”. Em Plotino, pode dizer-se que o Oriente volta à Grécia e “encaixa” nela. O que resulta daí é algo a que xá non se pode chamar exactamente “filosofia” no sentido clássico, e que, no entanto, se xulga decididamente inspirado nela; também non é ainda relixión no sentido medieval e cristán, embora contenha elementos que antecipam muito dessa concepçón do mundo.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO
também