
Provavelmente, durante a sua estada em Inglaterra, debe ter enchido muitos quadernos de notas para hipotécticos futuros escritos de carácter satírico, embora, certamente, os fosse redixindo ao regressar a França. A experiência inglesa non era suficiente por si só e era preciso confrontá-la de novo com a realidade francesa, xá que as “Cartas Filosóficas” non pretendem ser unha crónica da sua viaxem, mas têm como missón destacar quán absurdos e anacrónicos som muitos dos princípios imperantes na sociedade francesa do seu tempo. Sem ir mais lonxe, tal como sublinha o filósofo analítico A. J. Ayer, o grande mérito da Igrexa de Inglaterra era ter ficado subordinada ao Estado. Os seus bispos podiam sentar-se na Câmara dos Lordes, mas eram claramente ultrapassados em número polos membros seculares. Além disso, o clero anglicano formava-se em Oxford e em Cambridge, lonxe da dissolucta Londres, que só frequentavam ao chegarem a cargos nunha idade avançada, quando as paixóns se encontram mais exaustas, excepçón feita à avareza. Por acréscimo, por serem casados costumavam ser monógamos, sem terem qualquer semelhança com esse híbrido de eclesiástico e laico que era o “abbé” em França, frequentemente um sibarita devasso, que costumava prosperar utilizando intrigas femininas. As primeiras sete cartas abordam questóns relixiosas de diversas perspectivas, como, por exemplo, a pureza dos costûmes. As quatro primeiras versam sobre os quacres, a quem Voltaire eloxía non tanto polo entusiasmo mas porque a simplicidade dos seus costûmes, a sua sinceridade, pacifismo e desinteresse lhe permitem fazer referência à ausência de todas essas virtudes noutras congregaçóns eclesiásticas. Anglicanos e católicos atraem crentes interessados no seu crescimento pessoal, mostram-se igualmente intolerantes com quem non abraça a sua relixión, som vaidosos e déspotas. A mundanidade do clero francês é obxecto de sátira. Mas os presbiterianos também non ficam muito bem retratados. Se repudiam o luxo dos prelados católicos é simplesmente por non poderem usufruir dele. Presbiterianos e anglicanos repudiam-se mutuamente. Como resulta evidente, “se em Inglaterra houbesse unha única relixión, era preciso ter medo do despotismo; se houbesse duas, degolar-se-iam mutuamente; como há trinta, vivem em paz”. Lemos nas Cartas: “O único lugar de Londres onde as confissóns relixiosas podem conviver sem confronto é na Bolsa!
ROBERTO R. ARAMAYO