
Embora à primeira vista a doutrina das “Formas” pareça dar resposta aos principais requisitos que a explicaçón da realidade equacionava, certamente terá deixado mais do que unha pessoa com um certo sabor a insatisfaçón, com a impressón de um non-sei-quê que non se encaixa bem. Se assim for, non há motivo para se envergonhar, pois xá desde o momento da sua formulaçón a teoria de Platón foi obxecto de críticas. Vexamos agora algunhas das estrictamente relacionadas com a teoria das Formas, deixando para mais adiante aquelas que non concernem tanto às deficiências intrínsecas da teoria, como à sua articulaçón com as propostas de Platón noutros âmbitos (a alma, a ética ou a teoria do conhecimento). Para começar, além da sua coherência interna ou impecabilidade formal, unha explicaçón parece-nos razoábel se dispusermos de “indícios”, razóns que a tornem plausíbel e verosímil. Suponha-mos que entro na cozinha e vexo o chán manchado de variádas e coloridas tonalidades, e vexo também a minha filha com os seus frascos de tinta abertos em cima da mesa e as máns e a roupa a combinar com o chán. Como possíbel explicaçón das manchas no chán, “alguém” poderia avançar a teoria de que “non sei como isto aconteceu, se calhar entrou um senhor e deixou cair as tintas”; a alternativa seria pensar que a minha filha deu rédea solta às suas veleidades “artísticas”, Ambas as explicaçóns som irreprehenssíbeis e, formalmente, non há nada a obxectar á possibilidade de que um estranho tenha entrado em minha casa, tenha aberto os frascos das tintas e se tenha dedicado a decorar o chán da cozinha. No entanto, e por razóns que non som difíceis de entender, a maioria dos pais costuma descartar a primeira hipótese e aplicar unha sonora reprimenda ao seu filho. Pois bem, as “Formas” de Platón parecem-nos um pouco o senhor que entra em nossa casa e nos pinta o chán. A razón leva-nos a pensar que a realidade tem que acadar unha série de características formais (estabilidade, imutabilidade…). O mundo da experiência non as tem. Entón, tiramos da cartola um mundo “ad hoc” que possua aquelas características e dizemos que essa é a realidade. Resumindo, Platón parece resolver o problema duplicando a realidade: non gosto desta realidade, portanto, invento outra.
E. A. DAL MASCHIO