Difícil será enfatizar suficientemente a importância de tudo isto para Hume. O seu anticlericalismo encontra-se expresso, por vezes de forma muito vehemente, em vários textos. Por exemplo, em “Da Superstiçón e do Entusiasmo” e na “História de Inglaterra”, onde descrebe as consequências perniciosas da relixión popular para a conducta humana e para a sociedade; ou em “Dos Caracteres Nacionais”, em que ataca de forma extremamente mordaz o carácter profissional dos sacerdotes, dos clérigos e dos padres. Na Parte XII dos Diálogos, Hume enumera mais unha vez as consequências nefastas da relixión. Tumultos, guerras civis, perseguiçóns, opressón, escravatura, finximento, falsidade, hipocrisia e fanatismo som apenas algunhas das consequências para a vida política e para a conduta humana, que Hume apresenta para xustificar a necessidade de separar a moral da relixión; e é claro que ele entende que esta pretensón é reforçada polo facto de a crença em Deus non ter xustificaçón racional.
O teatro Bolshoi é unha tradiçón admirábelmente conservada: lá están como no tempo do czarismo as columnas do pórtico, o hall enorme, as escadas brilhantes. Parece ter sido feito na véspera. As modificaçóns lá introduzidas nestes últimos trinta e cinco anos realizaram-se em obediência rigorosa ao que existiu num mundo morto, e assim temos a impressón de haber continuidade perfeita. Aparentemente nada se alterou. A mesma platéia, os mesmos camarotes, os mesmos lustres; nessa velha mocidade as cortinas e os móveis se conservaram miraculosamente. Onde estaba a tribuna do imperador? Seria aquela, xunto ao palco? Non, era outra, ao fundo, imponência tremenda. Antes de 1917 debia estar de ordinário envôlta na cobertura de veludo, inútil, pois sua maxestade morava em San Petersburgo e poucas vezes honraria o teatro com a sua presença. Agora estaba aberta, cheia, e as pessoas arrumadas nela non diferiam das existentes nas cadeiras lá em baixo. Som êsses indivíduos que marcam a diverxência entre o passado, vissíbel no ouro, no mármore, em pregas de tecido, em traços de escultura, e o presente, conservador dessas velharias preciosas e inofensivas. A arte e o luxo separam as classes, humilharam com dureza unha delas, mas isto é história velha –e non existem ressentimentos, é claro. A arte agora tem finalidade bem diferente da que lhe conferiam. Nos vestuários fervilha unha turba alegre que lá deixa agasalhos femininos, grossos capotes de home, e vai fumar no salón, exibindo as roupas mais diversas e maneiras diversas também. Três ou quatro senhoras exponhem com suficiência vestidos longos, rabudos e decotados, desviam-se do meio, comportam-se como duendes. Talvez sexam estranxeiras. O número exíguo dá-lhes aparência contrafeita. Non vemos unha casaca. A multidón invadiu a casa ilustre e aí se acha à vontade, como no trabalho ou na rua: ninguém teve a lembrança de modificar um pouco a indumentária. Blusas, vestimentas pesadas, sapatóns resistentes à friaxem. Fardas, condecoraçóns, as fitinhas e as medalhas vistas em toda a parte, vestíxios da guerra; unha pessoa arrimada à bengala, a claudicar, indica-nos estragos físicos. Mulheres gôrdas, vermelhas, de unhas escuras; Homes rixos, ásperos, afeitos ao calor das máquinas e ao frio da cidade, a obrigaçón diária a exibir-se nos músculos e nos calos. Fora das luvas, as máns apareciam grandes e nodosas. Isentas de cerimônia, essas criaturas mexiam-se, falavam alto, comiam laranxas e maçáns, xogando cascas e resíduos nos cinzeiros amarelos situados nos cantos da sala. Num têrço de século tinham-se diluído hábitos, convençóns, e a rotina, a imobilidade, ali se representavam por três ou quatro figuras magras de peitos descobertos. No burburinho e no movimento, duas surprêsas me chegavam: pessoas rudes, vazias na aparência, tinham recurso para ir ali mastigar frutos, pisar com botas grosseiras os tapêtes destinados ao burguês e ao nobre; como ninguém as obrigava a passar algunhas horas entregues à dança e ao canto, era necessário admitir que sentiam prazer nisto. Há na Unión Soviética unha feroz dictadura: a afirmaçón, no correr do tempo, entrou nos olhos e nos ouvidos como crávos. A ferocidade singular rouba o sono do operário, dando-lhe unha educaçón dispendiosa em excesso.