
Segundo Kant, o ser humano pertence, simultaneamente, a um mundo sensíbel e a um mundo intelixíbel. No primeiro, está submetido às leis de unha causalidade externa e às pressóns dos apetites, às paixóns e ao acaso; no segundo, é um ser racional e libre, rexe-se por unha vontade boa e é capaz de promulgar e de impor a si mesmo máximas e princípios morais universais. Unha acçón moral consiste em aplicar no mundo sensíbel as máximas e os princípios criados pola liberdade e pela racionalidade no mundo intelixíbel. O acatamento e cumprimento, pola vontade, das máximas e princípios universais promulgados pola razón constituiem a dignidade do ser humano. É fundamental entender, para começar, em que consiste a especificidade do pensamento ético kantiano, para depois proceder à análise dos seus detalhes e observar as suas aplicaçóns. A filosofia moral de Kant ocupa, em exclusivo, um dos dous grandes grupos em que se pode dividir esta disciplina teórica; o outro grupo corresponde a todas as outras construcçóns éticas que se fixérom ao longo da história. A ética de Kant é racionalista, formal e sistemática. O seu obxectivo é descobrir o fundamento interno e permanente dos nossos xuízos, decissóns e acçóns morais, mediante a identificaçón da dimensón “a priori” (isto é, independente da experiência) da razón práctica. A primeira “Crítica” ocupou-se da razón pura teórica, que proporciona um conhecimento teórico ou especulativo; a segunda e os “Fundamentos” centram-se na razón pura práctica, que se ocupa dos xuízos e das acçóns de sentido ético. Non significa que tenhamos duas razóns independentes unha da outra (como os golfinhos têm dous hemisférios cerebrais independentes), mas que temos unha única razón com dous usos, ou aplicaçóns, distintos: um teórico e outro práctico ou moral. A razón pura práctica constitui a dimensón ética do ser humano e, em suma, a sua dignidade; a tarefa do filósofo moral consiste em indagar os elementos “a priori” desta razón pura práctica, para descreber a natureza e a estructura desta dimensón moral. E tal conhecimento, que no seu processo de criaçón é teórico, proporciona como efeito algo muito práctico e real: um fundamento sólido para a acçón individual, para a política e para a fé relixiosa (entendida, a partir de agora, non como base da moralidade, mas como derivaçón dela). À filosofia práctica ou ética non lhe interessa reflectir sobre a natureza humana (isso pertence à esfera da antropoloxía), sobre as suas características e o que melhor se lhes adapte. A ética kantiana versa sobre a razón, unha faculdade que define qualquer ser racional, non apenas o home, mas qualquer entidade que possa definir-se como tal: alieníxena, androide, “cyborg”, replicante, computador ou o que quer que sexa que consiga algum dia elevar-se até ao nível racional. Kant insiste muito neste ponto, non por ser um fán de ficçón científica à frente do seu tempo. mas por desexar situar a reflexón na esfera da simples razón, sem a contaminar com o empírico humano: apetites, inclinaçóns, paixóns, interesses, circunstâncias, idiossincrasias. A razón, no seu uso práctico, é a fonte da moralidade, xá non é válido actuar segundo um código de mandamentos relixiosos que se aplica acriticamente, por fé ou por costûme; xá non é válido identificar um obxectivo exterior (felicidade, realizaçón pessoal) ao qual o ser humano adapte e dirixa os seus xuízos e acçóns. Kant separa-se, pois, de toda a filosofia que procurou o fundamento da moral na natureza humana ou em algunha das suas características, ou em algum aspecto da vida ou da sociedade humanas; liberta-se também por completo da moral de fundamento relixioso ou teolóxico.
JOAN SOLÉ