
Em Dezembro de 1945, um camponês exípcio chamado Muhammad Ali foi xuntamente com o irmán, à procura de “sabakh”, unha terra com que se fertilizavam os campos. Enquanto cavavam nas proximidades das grutas de Jabal al-Tarif, nos arredores de Nag Hammadi ( a uns oitenta quilómetros a norte de Luxor), encontrarom unha grande vasilha enterrada na areia. Para sua desgraça, no interior non encontrarom nem tesouros, nem ouro, nem riquezas, mas apenas um monte de libros de papiro embrulhados nunhas faixas de couro. Ainda assim, decidirom levar para casa o conteúdo da misteriosa vasilha, sem lhe atribuir grande importância (o próprio Muhammad Ali confessou, mais tarde, que a sua nai queimou alguns dos papiros para iluminar a casa). Quando, unhas semanas depois, os irmáns forom acusados de um estranho homicídio, entregarom os papiros a um sacerdote da localidade para que os escondesse. A partir daqui, iniciou-se unha história digna de um filme de Indiana Jones em que os manuscriptos sofrerom todo o tipo de vicissitudes: alguns forom vendidos no mercado negro, outros aprehendidos, outros postos à venda nos Estados Unidos… Uns anos após a sua descoberta, a notícia de uns misteriosos códices achados no Exípto chegou aos ouvidos do historiador da relixión Gilles Quispel, tendo conseguido ver e descifrar alguns dos textos. O que leu neles deixou-o perplexo: “Estas som as palabras secretas que Jesus pronunciou e que o seu irmán xémeo Judas Tomé pôs por escrito”. Com a chegada de Nasser ao governo exípcio, os diversos conxuntos de manuscriptos forom reunidos e, desde entón, están bem guardados no Museu Copta do Cairo. O conxunto de Nag Hammadi (ou o que restou dele) é composto por uns quatrocentos papiros, agrupados em doze códices mais um décimo terceiro, do qual só dispomos de oito páxinas. Datados de algum momento do século IV, som traduçóns para copta de uns manuscriptos mais antigos, probabelmente do século II. O conxunto integra diversos códices de temática gnóstica cristán, motivo polo qual ficaram popularmente conhecidos como os “Evanxélhos Gnósticos”. Entre eles, destaca-se o Evanxelho de Tomé, o Evanxelho de Filipe, o Evanxelho da Verdade, o Evanxelho dos Exípcios (“o libro sagrado do Grande Espírito Invisíbel”) e o Apócrifo (ou Evanxelho Secreto) de Xoán, que abre com as seguintes palabras: “os mistérios e os factos mantidos em silêncio que Jesus revelou ao seu discípulo Xoán”. Quanto à sua orixe, o mais probábel é que se tratem de textos que pertenciam à biblioteca de unha comunidade gnóstica do Alto Exipto. Quando o cristianismo católico foi proclamado relixión oficial do Império, a posse de libros “heréticos” passou a ser um delito, polo que a maioria foi queimada e destruída. Algum membro desta comunidade exípcia (talvez um monxe do vizinho mosteiro de San Pacómio?) poderia ter decidido escondê-los, enterrando-os para garantir a sua preservaçón. Sexa como for, a descoberta e a sua publicaçón forom unha autêntica revelaçón para o conhecimento dos primeiros séculos do cristianismo, em xeral, e do gnosticismo cristán em particular. Efectivamente, tudo o que até entón se sabia sobre este capítulo da história tinha orixem nos polémicos panfletos dos Padres da Igrexa, cuxo conteúdo estava muito lonxe de ser imparcial e obxectivo.
E. A. DAL MASCHIO