
E conste que este é o nosso melhor conhecimento: ¿que vai facer a mente, enganada polos sentidos? Enganar-se mais. A partir de um só suposto falso, infere outras muitas falsidades, e de ahí outras (pois um erro pequeno no começo, resultará grande no final). Onde, por fim, advirte unha falsidade (xá que a verdade é única e coherente consigo mesma), volta atrás e busca o lugar em que se encontra a causa do erro. Non o encontra; suspeita deste ou daquel passo intermédio, e respeito del pergunta-se de novo se é verdadeiro ou falso. Non o pode saber, porque está por cima dos sentidos. Procede mediante probabilidades. E assim até ao infinito: ningunha conclusón, dúvida perpéctua. Vamos, experimênta-o em tí mesmo. Non te engano; se estivéra contigo, fácilmente demonstraría de palabra que todas as cousas som duvidosas, mas o papel non dá lugar a tanto e temos présa por chegar ao “Examen rerum”, onde o farei patente por meio da experiência. Em virtude do anterior puidéste vê-lo de algunha maneira; depois o verás melhor. Prosigo com a minha definiçón. Xá temos faládo do obxecto e dos meios para o conhecimento; falaremos agora do cognoscente. ¿Quantos motivos de ignorância há neste? Inumerábeis. A vida é breve, mas a arte é longa, mais aínda, infinita ou, melhor dito, som as cousas que están submetídas à arte ou aquelas às quais a arte se submete. Agora bem: as ocasións atropélam-se; o experimento resulta perigoso; o xuíço, difícil. E non basta que quem fai o que é oportuno se brinde ao esforço, senon que debem fazê-lo também quem os rodeia e as circunstâncias externas. É surprehendente: dirás que este aforismo foi feito pensando em nós, pois nel se proponhem as dificuldades do que está obrigado a saber algo, dificuldades que, em parte, tú xá viste e, em parte, verás agora. Começêmos entón polo home que está no começo, xá que entendemos que é este quem no aforismo fai o oportuno. Unha vez nascido, é unha masa de cera capaz de adquirir prácticamente qualquer figura, tanto no corpo como na alma, mas mais nesta. Até tal ponto, que non está mal comparado com unha tábua rasa na qual non há nada pintado, ainda que tampouco está de tudo bem afirmar que nela se podem pintar todas as cousas. Em efeito: non todos som aptos para as letras, por mais que se lhe subministre tudo o necessário. Ademais, ¿podería-se pintar na alma as naturezas das cousas? ¿ou o infinito? ¿ou o vacío? Non me parece.
FRANCISCO SÁNCHEZ