
Neste fragmento, podemos observar que Pascal estava de acordo com Epicteto no seu apelo a submetermo-nos à vontade de Deus de unha forma absolucta. Unha submissón que debe nascer de algo que os homes non conseguem esquecer: somos seres continxentes, a nossa existência non depende de nós, pois foi-nos dada, e a qualquer momento podemos perdê-la. Fomos postos no mundo por alguém, e as nossas vidas non som mais do que o fruto da sua vontade, e é a ela, única soberana, que nos debemos entregar. Somos, definitivamente meros actores de unha comédia cuxo enredo desconhecemos e só podemos aceitar humildemente o nosso destino. Este mundo non é mais do que um lugar de passaxem, e a nossa verdadeira identidade e o sentido da nossa existência só podem ser encontrados em Deus; tudo o resto, as cousas do mundo, non som mais do que um cenário por cuxas frestas se infiltra a ardente escuridón do nada. Além disso, Epicteto atribui um lugar privilexiado à morte na sua filosofia: considera a um acontecimento que o home nunca debe esquecer, que debe acariciar diariamente, pois essa certeza faz-nos estar atentos ao cumprimento do nosso único deber, que é aceitar a vontade de Deus, confiar nesse “dono de xustiça e sabedoria infinita”. Em suma, o que atraía fundamentalmente Pascal no filósofo estoico era a combinaçón desses três conceitos que também foram decisivos para ele: para ele: a necessidade de se submeter à vontade de Deus, a constante presença da morte como permanente possibilidade e o deber de nunca esquecer estas duas afirmaçóns para poder orientar a vida de forma correcta. Mas se Epicteto acertou ao dizer que o home só tem um deber, que é honrar a Deus, enganou-se, na opinión de Pascal, ao postular que era capaz de se aproximar do seu Criador polas próprias forças. Se caiu neste erro, diz Pascal, foi porque non deu importância suficiente ao pecado orixinal, se esqueceu de que a natureza do home está corrompida e de que, portanto, somos incapazes de chegar a Deus através dos nossos próprios meios. Relembremos que Pascal recorreu à interpretaçón dramática do pecado orixinal que os jansenistas faziam: a culpa do primeiro home afastou-nos de Deus, criou um abismo entre Ele e nós, e só a Ele compete, através do dom da graça, aproximar-nos de novo. A afirmaçón de Epicteto sobre o que o home podia em relaçón a Deus arrastou-o e fê-lo, segundo Pascal, continuar a cometer erros, defendendo ideias que o nosso filósofo considerou inadmissíbeis, como aquela que refere que a alma é unha porçón de substância divina, ou que o home pode acabar com a sua vida se o considerar oportuno.
GONZALO MUÑOZ BARALLOBRE
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