
Exerto do “Conto extremadamente poético”. Aquilino Ribeiro é um dicionário; “Começou a viágem”, non passa de um libro de falsa viagem. Fumo; mal gasto o tempo a desenhar bolinhas a voar e a esfumar-se. Como; inverto o prazer. Amo; aniquilo o tempo. Apago o cigarro; descalço-me; levanto-me; visto as cuecas. Tenho um amigo que se chama Pascácio; acontece. Volto a fumar; dispo as cuecas. Quero praia; gosto de chuva. Surrealismo por extenso; banha na frigideira. Fialho de Almeida, percebeu que a Galiza era um Continente. Eu non sou galego; nascí na Galiza. Tenho um amigo português que é galego; non sabe; pensa que veio de París; entrou em Portugal por Vilar Formoso. Amanhá é Domingo, hoxe é Sexta-feira. Está a passar unha carroça cheia de cenouras. Quero estudar italiano.
POEMA
Tenho as costas blindadas pela
Ventura que leva o errante até Roma.
Adivinho o futuro antes que sexa passado.
Fumo a ansiedade e esfrego com
Virulência as unhas nas paredes
Descomposiçao.
Faço quase tudo com os elementos da
Emoçao para que o sentido plástico
Nao se manifeste como uma carroça enfeitada
Por malandrinhos.
Agarro-me ao novo, nao esqueço o velho
E alento o instante.
Habito, no entanto
Na alcova da incerteza
Na rua do despropósito
E respeito os telhados que olham para a lua.
Mas
Passado pela peneira do sorriso
Limito-me a escrever as metáforas
Que sendo cristalinas, sao opacas.
JOSÉ LUÍS MONTERO MONTERO