
O que Espinosa estaba a escreber em 1665, enquanto a Inglaterra e a Suécia atacabam os Países Baixos, era o Tratado Teolóxico Político. Se, na parte referênte a Rijnsburg, tivemos a ocasión de relembrar a demasiado ignorada actividade científica de Espinosa, este é o momento ideal para eliminar a ideia de que Espinosa era um pensador alheio às circunstâncias políticas e históricas do seu tempo. Bem polo contrário, tentou participar no decorrer dos acontecimentos públicos, com o rigor intelectual próprio dele. Há dous desexos que impulsionam a reflexón política espinosista: estabelecer a paz civil e proporcionar a libre circulaçón de ideias. Foi por eles que Espinosa dedicou cinco anos ao estudo profundo da esexése bíblica e da história e língua hebraicas. Xulgaba que para derrotar a hierarquia eclesiástica -na sua opinión, a culpada polo fanatismo e a intolerância- era preciso demonstrar que a sua interpretaçón dos textos sagrados era falsa e interesseira. O clero, que non tinha parado de recomendar o príncipe de Orange às massas e de instigá-las contra De Witt e a causa republicana, era o principal ponto de apoio do imobilismo monárquico, ao qual atribuía a sua suposta infalibilidade. Espinosa percebeu que, para minar a posiçón do clero calvinista neerlandés, era necessário pôr em evidência a sua leitura tendenciosa e ilexítima da Bíblia. O resultado que obteve, o Tratado, é considerado o primeiro estudo bíblico moderno. Restrinxindo-se ao Antigo Testamento, elabora um estudo filolóxico para demonstrar que os seus diversos libros forom escritos em momentos diferêntes, e submete a unha profunda crítica as profecias e os milagres, ao mesmo tempo que afirma que, à marxem das virtudes éticas, a Bíblia non contém qualquer conxunto de doutrinas coherente, e conclui que a falta de unha mensaxem unitária invalida qualquer pretensón de autoridade eclesiástica em questóns políticas. Assim, Espinosa nega que a Igrexa possa imiscuir-se nas questóns de Estado. O Tratado é um libro de unha radicalidade e contundência assombrosas, que denuncia os enganos e as estratéxias do poder estabelecido e propôn alternativas ao erro com o obxectivo de libertarem o home e a sociedade. Foi a apoloxia da liberdade de consciência, a afirmaçón de que cada um tem um direito inalienábel para escolher a sua própria relixión ou para non ter nenhuma (cousas que naquele tempo eram escandalosas) o que inquietou ainda mais as autoridades, que viam nelas unha incitaçón à anarquia. Provavelmente, tinham motivos suficientes para rexeitar aquela contundente alegaçón a favor da tolerância e do secularismo.
JOAN SOLÉ