
É essa renúncia (a renúncia do rei de Portugal ao senhorio de Tui), que fai nascer Valença. Enquanto ó litíxio sobre a posse de Tui durou, a marxem sul era unha terra deserta, que non habia qualquer interesse em fortificar: o curso do rio non era fronteira e só era preciso protexê.lo contra as incurssóns vindas do mar. Para isso lá estaba Tui. Mas agora as cousas mudaram; era necessário estabelecer unha defesa contra Tui. Essa ideia de oposiçón frente a frente, inspirou o nome dado à vila fundada por D. Sancho I, por volta de 1190: chamou-lhe Contrasta, de contrastar, no sentido de contra-estar, estar em frente. Durante os reinados de Sancho I, Afonso II e Sancho II, esta nova Valença tinha esse curioso nome. Fixérom-se muralhas, torres, escavou-se unha cisterna, nascerom casas para o alcaide e para os moradores. Os forais procuravam tornar o lugar atraente, com isençóns e previléxios xenerosos. Mas no tempo de D. Afonso II, em 1212, a vila nascente foi outra vez arrasada por unha invasón leonesa. Unha parte dos seus moradores foi levada dalí para a Sortelha, que precisava de povoadores. É por fim D. Afonso III, o Bolonhês, que ordena que a terra deixe de se chamar Contrasta e passe a dizer-se Valença: “Mutavimus sibi nomen de Contrasta et imposuimus sibi nomen Valentiam”. Valença desenvolve-se constantemente a partir de entón como unha praça de fronteira. Foi reconhecída como a terceira do país, depois de Elvas e de Peniche. As suas fortificaçóns som um monumento colectivo, que absorveu a força dos braços da populaçón de toda a rexión durante mais de seiscentos anos. Xá no século XIII há referência à “anúduva”, obrigaçón de trabalhar gratuitamente na reparaçón dos muros e torres. Essa obrigaçón manteve-se até ao liberalismo. É por isso que alí se non vê xá nada que faça lembrar um castelo antigo: a fortaleza esteve sempre em uso e teve de se ir adaptando às novas modas da arte da guerra. Só parou de mudar quando as fortalezas se tornarom inúteis.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS