
De um lado da bahía, o velho forte Real, grave ainda com o equívoco reflexo da sua importância passada. Pois, raras vezes conseguíu deter os desembarcos inglesês. Do outro lado, imensos depósitos de carbón. Atrás, montanhas áridas e tristes. Logo, do outro lado da ilha, nas terras altas, onde se voltam a ver os extensos cafetais e as chairas verdexantes pola robusta cana do azúcar. Alí, a natureza resulta tán bela como fecunda, que sustenta a reputaçón admirábel da soberba Antilha francesa. Os pasaxeiros com destino às Guayanas, xá nos deixárom, e estamos em completa liberdade, para baixar ou non à terra. Perguntamos se há febre, desexando secretamente unha resposta negativa; mas, apesar de cerciorar-nos de que a enfermidade fatal reina em Fort-de-France, resolvemos baixar, persuadidos de que o buque, inmóbil e pegado a terra, baixo um calor de 37º, non sería refúxio muito seguro para evitar o contáxio. O novo gobernador tinha baixado pomposamente duas horas antes. Nunca esqueceréi o aspecto da praça, “la sabane”, como alí lhe chamam, no momento que penetramos nela, depois de ascender unha lixeira costa. Toda a povoaçón baixa, o soberano povo, estaba reunído, com motivo da recepçón ao gobernador, que neste momento passaba num landó, vestido de toda etiqueta, com um funcionário negro como as penas, ao seu lado, e outro non mais ruibo à frente. ¡¡Cómo comprehendí aquela mirada que me dirixíu, aquel saúdo cortês, mas tán impregnádo de profunda desolaçón!! Saquei o chapéu e saudéi com respeito aquel mártir, que saía dos salóns de París, para reinar sobre a ilha tropical. As fantasias mais atrevidas de Goya, as audácias coloristas de Fortuny ou de Díaz, non poderíam dar unha ideia daquel curiossíssimo quadro. O xovem pintor venezolano, que iba comigo, cubría-se com frequência os olhos e afirmaba, que non podería recuperar por muito tempo a percepçón do “rapporti”, isto é, das meias tintas e das gradaçóns insenssíbeis da luz, polo deslumbramento daquela brutal crudeza. Había sobre a praça unhas quinhentas negras, quase todas novas, vestidas com tráxes de percal de todas as côres mais abigarradas: roxos, rosados, brancos. Todas escotadas e com robustos brazos descobertos; os tráxes fixados debaixo das axilas e oprimindo os destacados peitos, recordabam o aspecto das “merveuilleuses” do Directório. A cabeza, coberta com um pano de seda, cuxas duas pontas, sobre a frente (à curuxa), formabam como dous pequenos cornos. Esses panos eram precisamente os que feriam os olhos; todos eram de diversas côres, mas predominando sempre aquel roxo lacre, ardente, mais intenso aínda que o chamado em Europa, lava do Vesubio; também, um amarelo ruxente, um violeta tornasolado, ¡¡Que sei eu!! Nas orelhas, unhas grossas arracadas de ouro, em forma de tubos de órgano, que colgam até à mitade da cara. Os vestidos, de largo rabo, mas curtos por diante, deixando ver os pés… sempre descalzos. Podo assegurar que, a pesar da distância que separa este tipo do nosso ideal estéctico, non podía menos que determe por momentos a contemplar a elegância nativa, o andar airoso e selváxem das negras martiniquenhas. Mas, quando verdadeiramente afloram estas condiçóns, é quando, se as mira despoxadas dos seus luxos e cubertas com o curto e humilde tráxe de trabalho, balançândo-se sobre a tábua que une o barco a terra, baixo o peso da enorme canasta de carbón que portam à cabeça…
MIGUEL CANÉ (EN VIAJE, 1881-1882)