
Chegados a este ponto, convém recordar aquí o que se conhece como “a iluminaçón de Vincennes” (Outubro de 1749), descrita por Rousseau em várias ocasións (entre 1762 e 1774), conferindo-lhe sempre unha auréola quase mítica, qual episódio comparábel à queda do cavalo de Paulo de Tarso a caminho de Damasco, embora modifique de cada vez os pormenores da sua apresentaçón. O músico profissional transformou-se por um acaso, e muito relutantemente, num influênte politólogo, ao ver o seu primeiro “Discurso” galardoado e albo de um sucesso sem precedentes, dado o seu carácter polémico, xerando trezentas recensóns e refutaçóns. Na realidade, se a Academia de Dijon é recordada, deve-se precisamente a ter premiado Rousseau, e non ao contrário. A questón é que o seu grande amigo Diderot tinha sido encarcerádo na prisón de Vincennes, porque a sua “Carta sobre os Cegos para Uso dos que Veem” presumia unha resposta perigosamente materialista para os dogmas da moral revelada e Rousseau decidiu ir visitá-lo, fazendo o caminho a pé, xá que non podia dar-se ao luxo de ir de outra maneira.
ROBERTO R. ARAMAYO