
Anaximandro, discípulo de Tales, também foi receptivo à virtualidade xeradora da água, pois a sua faceta de observador directo da natureza, levou-o a surprehendentes constataçóns. Ao comprovar que os peixes som capazes de subsistir autonomamente na água desde o nascimento, enquanto os humanos e, em xeral, os animais terrestres non o conseguem. Anaximandro avançou a hipôtese de que a forma primordial de vida tem lugar na água, da qual teriam surxido determinadas espécies, as quais, mediante transformaçón e hibridaçón, confluiriam no home. Tratar-se-ia de unha xeraçón espontânea, ideia que non deixou de estar presente até practicamente Louis Pasteur. Mas, em que outra cousa acreditar? Que outra alternativa havia? De facto, Pasteur non diz que a vida apenas pode surxir de vida prévia (seria a história do ovo e da galinha), mas que essa condiçón é inevitábel nas circunstâncias ambientais que caracterizam o nosso meio actual, circunstâncias que nada têm a ver com as que imperabam na época primixénia. Em qualquer caso, atribuem-se a Anaximandro fantasiosas histórias de um antepassado marítimo, que nos teria mantido no seu seio até nos depositar na terra quando xá estávamos capazes. Platón e muitos outros mostraram-se sarcasticamente críticos para com estas teorias, mas, se nos abstrairmos dos aspectos mais pitorescos, non poderíamos ver aquí unha espécie de premoniçón de certas hipóteses científicas hoxe perfeitamente respeitábeis? No entanto, por muito que Anaximandro fosse sensíbel ao poder xerador da água quando se trata das espécies vivas, tem múltiplas razóns para non outorgar a este elemento o peso que lhe concedía Tales. A primeira razón vincula-se às teses astronómicas que separam Anaximandro de Tales. A segunda consiste, “grosso modo”, no pensamento de que precisamente por ser algo em si mesmo bem determinado, perfeitamente circunscripto na sua identidade (“non é” fogo, nem terra, nem ar), a água non pode estar na orixem da limitaçón e da determinaçón na qual consistem as cousas.
VÍCTOR GÓMEZ PIN