
“O maior proveito das viaxens é aprender a non xulgar o resto da Terra segundo o próprio campanário”. (Ensaio sobre os Costumes)
.
“Entrem na Bolsa de Londres, esse lugar mais respeitábel do que muitas côrtes. Aí o xudeu, o maometano e o cristán, tratam-se como se fossem da mesma relixión, e só chamam infiéis aos que levam à bancarrota; aí o presbiteriano confia no anabaptista, e o anglicano recebe a promessa do quacre. À saída dessas pacíficas e libres assembleias, uns ván à sinagoga e outros beber; este baptiza-se nunha grande cuba; aquele vai mandar cortar o prepúcio do seu filho; outros ván à sua igrexa, e están todos contentes”. (Cartas Filosóficas)
.
No século XVIII, o xénero epistolar tinha um papel semelhante ao das redes sociais hoxe em dia. Como é evidente, a rapidez da comunicaçón era muito menor, por isso mesmo é que as correspondências estabam destinadas a durar. Este xénero non se cinxía unicamente à correspondência no sentido estricto, pois também era adaptado a românces, como “A Nova Heloísa” de Rousseau ou “Ligaçóns Perigosas” de Choderlos de Laclos, hoxe célebre graças às suas apelativas adaptaçóns cinematográficas. A questón é que Voltaire decidíu publicar unha série de reflexóns concebidas durante o seu exílio em Inglaterra sob este mesmo formato e, em 1734, apareceram as suas “Cartas Filosóficas”, também conhecidas como “Cartas Inglesas”. Até entón, tinha introduzido cargas ideolóxicas explosivas disfarçadas sob formas literárias tradicionais, como o poema épico, a traxédia clássica ou o verso satírico. Com as “Cartas Filosóficas” decide optar pola prosa, utilizando um estilo que pretende ser sobretudo convincente e eficaz, embora também non ignore a elegância. É inútil procurar aqui, como em qualquer outra das suas obras, unha sistematizaçón cabal de temas e ideias. Mais parecem escritas aos borbotóns, dictádas por unha inspiraçón caprichosa e desordenada. A coherência de Voltaire consiste, antes, na estructura da sua composiçón, ou sexa, na impressón global que provoca.
ROBERTO R. ARAMAYO