
A pesar de tudo, o olho é o órgano sensorial mais valioso e mais seguro de todos. Porque, se consideras os outros, a dúvida sería muito maior. ¿Como vai xulgar com correçón acerca do quente ou do frío o que sempre está quente? Agora bem: estamos sempre quentes. Por este motivo sucede que aqueles que estám nas têrmas ou nos banhos quentes acreditam – falsamente, segundo tú – que a orina está fría e a água tibia. ¿Acaso tudo o que tocamos non está exposto ao aire e afectádo por el? ¿Acaso non estamos perpectuamente afectados nós mesmos? ¿É que non o está ele também, pola água, pola terra e os astros? ¿Que é, pois, o que nos leva a afirmar que a água está fría e que o aire está quente? Para o muito quente, o menos quente parece frío. Talvés sexa este o nosso caso. Logo a água pode parecer quente: em inverno, como estamos muito afectados polo frío externo, a água recêm sacada dunha fonte ou dum puzo, parece quente, por estar menos fría. No vrán, faga o calor que faga, o aire parece frío, correndo ou axitándo-o com um leque, apesar de que para tí sexa quente, e muito mais nesta época. ¿Que é, pois, o calor? ¿Que é o frío? A razón non nos serve para nada, para averiguar o que é quente ou o que é frío. ¿Quem conhece a natureza deles? Ninguém! Há que confiar o xuízo aos sentidos. Mas, ainda que os sentidos percíbam e distíngam perfeitamente essas qualidades, non por isso sabem o que som, senón que tán só as conhecerám da mesma maneira, que um patán distingue o seu burro do boi do seu vecinho ou do seu próprio. Mas, nem sequer isso pode assegurar. Logo ¿que sabemos? Nada! Dá um repaso aos demais sentidos. Menos ainda!
FRANCISCO SÁNCHEZ