
Ao longo da sua vida foi um fustigador perseverante da hipocrisia da moral victoriana. As suas razóns nascem da convicçón de que a repressón das paixóns só produz infelicidade e tirania. Aquilo a que chamamos moral victoriana refére-se ao puritanismo que imperou no Reino Unido durante o século XIX e que abranxeu todos os aspectos da vida, mas, em especial, a moral do trabalho e a sexual. Russell conhecia-a bem, pois foi a regra imposta pola sua avó na sua educaçón, até que a sua entrada na universidade o libertou desta autoridade. Apesar de ter escrito inúmeros textos contra a repressón na educaçón e na vida quotidiana, algúns destacam-se polo sarcasmo subtil e pola perspicácia. Sobre a moral do trabalho, é mais que recomendábel ler também o seu “O Eloxio ao Ócio”, escrito em 1932: “A ideia de que o pobre debe dispor de tempo libre, sempre foi escandalosa para os ricos. Em Inglaterra, no início do século XIX, a xornada normal de trabalho de um home era de quinze horas; por vezes, as crianças faziam tanto tempo como os adultos, mas, em xeral, trabalhavam doze horas por dia. Quando os intrometidos fizeram notar que talvez esse número de horas fosse excessivo, responderom que o trabalho afasta os adultos da bebida e as crianças do mal. Quando eu era criança, pouco depois de os trabalhadores urbanos terem conquistado o direito de voto, forom estabelecidas por lei algunhas festividades públicas, para grande indignaçón das clásses altas. Lembro-me de ter ouvido unha duquesa idosa dizer: “Para que querem os pobres os feriados? Deviam era trabalhar.” Hoxe as pessoas som menos francas, mas o sentimento persiste, e é fonte de grande parte da nossa confussón económica.”
FERNANDO BRONCANO