
Pedro Abelardo (1079 – 1142), mente aguda, espírito inquieto, lóxico inovador e mestre parisiense sem rival, tivo unha vida axitada non isenta de sobressaltos. Foi castrado, como consequência das suas aventuras amorosas, com unha alumna chamada Heloísa. Condenado duas vezes como herexe pola Igrexa Católica. Professor itinerante no início da sua carreira docente, tornou-se o centro da vida intelectual de Paris quando, afastado da escola catedralícia de Notre-Dame, começou a ensinar na montanha de Santa Genoveva, na outra marxem do rio. Os discípulos adoravam-no, os adversários temiam-no pola sua habilidade dialéctica e os guardiáns da fé controlavam-no para condenar as suas atrevidas ideias teolóxicas. Entre os pensadores da sua época, as opinións sobre ele eram contradictórias, segundo a sua diversa perspectiva doutrinal. Assim, o filósofo Xoan de Salisbury eloxia-o como “doutor ilustre digno de ser admirado por todos”, e o famoso abade de Cluny, Pedro, o Venerábel (que o acolheu na sua abadia pouco antes da sua morte, xá derrotado pola ortodoxia), chegou a compará-lo aos grandes filósofos gregos ao chamar-lhe “Sócrates das Gálias, supremo Platón do Ocidente, o nosso Aristóteles”. Polo contrário, o teólogo e místico San Bernardo (renovador da ordem cisterciense, abade de Claraval, impulsionador das Cruzadas e influente conselheiro papal) acusava-o “de rir-se da fé dos simples e de inxuriar aos Santos Padres”, qualificaba a sua “Teoloxia” como um cúmulo de parvoíces, calúmnias impias e blasfémias, e acabou por pedir ao papa Inocêncio II, que tapasse a boca a Abelardo, non com argumentos racionais, mas com o chicote.
ANDRÉS MARTÍNEZ LORCA