
VALENÇA DO MINHO
Um enigma sobre o qual o lume da discussón nunca se há-de extinguir, é o das razóns que levaram os reis de Portugal a chamar “Contrasta” a esta povoaçón, e a mudar-lhe depois o nome para Valença. Habia unha Valença antiga, do tempo dos romanos. Nón se sabe ó certo onde era, mas este lugar onde hoxe está , foi frequentado polos romanos. Passaba aquí a vía que ligaba Braga a tui; um marco dessa estrada apareceu na vila, e durante séculos foi utilizado como columna do pelourinho. É unha situaçón muito expressiva do aproveitamento dos restos de civilizaçóns anteriores polas sucessivas: as hordas destruidoras passam e, conforme a frase feita, parece non ficar pedra sobre pedra. Mas a vida non deixou de pulsar. As pedras derrubadas voltam a pôr-se de pé; o cilindro que, para os Romanos, era um marco a indicar as milhas percorridas e a homenaxear Cláudio, o imperador, foi depois o fuste do pelourinho municipal, simbolo da vida que resurxía. Valença, em latim Valentia, pode significar o mesmo que em galaico-português coráxe, e xa hoube quem ligasse isso ao facto de a terra ter sido dada polo pretor Décio Bruto, o Galaico, aos seus soldados, como prémio pola “valentia” com que tinham lutado para esmagar a resistência nativa. Mas non falta quem ponha em dúvida esta etimoloxía heróica, e a faga derivar da palabra mais modesta “vallu”, empaliçada, cerca de pau espetádo, como primeira fortificaçón erguída no alto dunha colina. É menos glorioso, mas, mais viábel, porque existem de facto muitas “valentias” por essa Europa fora. O certo é que o poboádo romano desapareceu, ou destruído pola guerra dos bárbaros ou talvez absorvido pola cidade vizinha: Tui, desde muito cedo importânte centro urbano, e ainda durante o reino suevo, cidade episcopal. É tendência xeral essa de as poboaçóns ribeirinhas buscarem a marxem norte, sempre mais abrigada: acontece no Minho (Tui), no Lima (Viana), no Ave (Vila do Conde), no Douro (Porto), no Mondego (Coimbra, Montemor e Figueira), no Texo (Lisboa e Santarém), no Sado (Setúbal e Alcácer). Talvez a razón sexa o Sol: em anfiteatro sobre o rio, quedariam à sombra se se aninhassem no sul. A principal poboaçón do curso inferior do rio Minho foi, pois, nos séculos X e seguintes, Tui, e a sua posse muitas vezes disputada entre os reis de León e os de Portugal. A rainha D. Teresa foi, durante muitos anos, senhora de Tui; D. Afonso Henriques considerou-se com direito à cidade, que mudou de máns várias vezes. Estaba na posse do rei dos Portugueses quando, em 1169, este se deixou apanhar na ratoeira que o rei de León lhe armou em Badajoz, quando acudíu para salvar “Geraldo o Sem-Pavor” que estaba em dificuldades, e se víu cercado polo xenro, Fernando II, com forças muito superiores. Feito prisioneiro, tivo que submeter-se às esixências do leonês, e unha delas foi a de renunciar ao senhorio de Tui.
JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS