
O pensamento gramsciano actual diagnostica que nos encontramos nunha “crise orgânica” (Errejón, “Power is Power, Política y Guerra”). Com esse termo, Gramsci refería-se a unha situaçón em que “as grandes massas non acreditam xá no que antes acreditavam” (Gramsci, Cadernos do Cárcere). Trata-se de um interregno no qual “o velho morre e o novo non acaba de nascer”. Neste tipo de momentos históricos, os poderosos perderam o seu controlo hexemónico e non têm outro remédio senón recorrer à ameaça e à coerçón. Som momentos nos quais é necessário recordar quem tem a faca e o queixo na mán. Isso pode ir da ameaça de deslocalizar empresas, no caso de perxudicárem sindical ou lexislativamente os seus interesses, a medidas lexislativas de excepçón (como as que foram decretadas em nome da luta antiterrorista, como a legalizaçón da tortura nos Estados Unidos ou a “Lei da Mordaça” em Espanha) ou, chegando a esse caso, directamente da ameaça de um golpe de Estado (militar, financeiro ou xudicial), como tantas vezes aconteceu na História, sempre que o resultado das eleiçóns non convinha aos poderes. Nestes casos de “crise”, a correlaçón de forças entre os diferêntes interesses contrapostos é, sem dúvida, crucial. Mas ao mesmo tempo que se medem as forças efectivas, isto é, a capacidade de ganhar a batalha sobre o tabuleiro de xogo, está a decidir-se também o tipo de tabuleiro em que se vai xogar. Nas palabras do politólogo espanhol Íñigo Errejón, non só cabe a possibilidade de ganhar ou perder a partida, como também é possíbel modificar “a configuraçón actual do tabuleiro” ou, inclusive, “dar um pontapé no próprio tabuleiro” (Errejón, “Power is Power, Política y Guerra”).
CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA