
O pior vem agora: as diversas disposiçóns de todos estes instrumentos, que nos levam por forza a muitíssimas equivocaçóns. ¿Acaso non dán lugar a unha diversidade máxima na visón das diferêntes côres dos olhos, por diversos temperamentos, consistência, natureza, quantidade, posiçón e transparência dos espíritos e dos humores que há neles? E se isto se trata mais bem desde um ponto de vista médico. ¡quanto costumam fazer mudar a visón a natureza das membranas e a do nervo óptico, assim como a quantidade dos espíritos e humores, tudo isto e ademais a sua transparência! A miúdo, debido a unha causa externa, nos parece ver moscas, farrapos, teias de aranha e cousas semelhantes, sendo assim que non existen. Quando os olhos están inflamados, tudo parece encarnado. Quando están inundados de bilis, amarelento. Se um humor se abate sobre a pupila, tudo parece esburacado, o coberto com um pano, o grande, o pequeno, ou escuro. Estes defeitos debem-se a doênças, mas, entre os sáns, uns vem as cousas lonxe e outros perto; um com mais claridade, outro com menos; este vê-as grandes, aquel pequenas; este vê-as roxas, aquel amarelas. Nunha palabra, ninguém as vê perfeitamente nem da mesma maneira que os outros. ¿Que podrá impedir, pois, que as cousas se vexan diversas, incertas, inestabeis e diferêntes de como elas mesmas som, sendo assím que se ven mediante uns olhos submetidos a tantos câmbios, e incluso em si mesmos tán diversos, e ademais através do ar, que non é menos susceptíbel de câmbio nem menos incerto, senón, polo contrário, mais? ¿Que poderá impedir que nos enganémos constantemente e que nunca poidámos captar algo certo nem, por tanto, afirmá-lo?
FRANCISCO SÁNCHEZ