
Machiavelli referir-se-á a Savonarola em O Príncipe como um “profeta desarmado” nunha passaxem em que, entre outras cousas, nos faz notar que só tiveram sucesso aqueles que pregaram, non só com as palabras, mas também com as armas, ou sexa, aqueles que, quando necessário, obrigarom pola força a acreditar na sua doutrina. Esta é unha licçón fundamental que se repete em todo o pensamento posterior do secretário: a importância das armas no poder. Machiavelli chega, inclusivamente, a considerar a ciência militar, a arte da guerra, como unha parte medular da política. De facto, na concepçón machiavelliana, a guerra é unha parte essêncial da política. Assim, entón como agora, um Estado que queira conservar a sua autonomia precisa de meios suficiêntes para se defender e atacar. Non sabemos se Machiavelli chegou à seguinte conclusón pensando no dominicano e nos seus, outrora, devotos fiéis, mas é altamente provábel que assim tivesse sído. Porque o nosso secretário assegura que a natureza humana é mutábel, razón pola qual é mais simples persuadir os súbditos do que mantê-los persuadidos. Na sequência disto (como teve ocasión de confirmar em vida), defende que os homes som ingratos, polo que, na sua opinión, estarám ao nosso lado sempre que formos os mais poderosos e pudermos vinculá-los ao nosso partido através de favores. Mas o apoio político é, para o diplomata florentino, sempre interesseiro e condicional, polo que se compreenderá facilmente que os próprios homes non tenham muitos problemas em trair um príncipe, assim que puderem obter mais benefícios de outro mais poderoso do que ele. E non se detém aí na sua análise da natureza humana pois adverte-nos que os nossos semelhantes traem mais depressa aqueles que amam do que aqueles que temem, unha ideia que, a ser verdade, é tán desconsoladora como confranxedora – tal como tantas outras de Machiavelli – , unha ideia que parece suxerir unha nova interpretaçón do antigo provérbio “quem bem te amar, te fará chorar”.
IGNACIO ITURRALDE BLANCO