
Vexamos unha passaxem de “A Nova Heloísa”, na carta XIV da segunda parte, em que Saint-Preux, o seu antigo amante e preceptor, escreve a Júlia para lhe descrever o que viu em París, unha cidade em que “se aprende a defender com arte a causa da mentira, a pintar de subtis sofismas as paixóns e os preconceitos. Assim, ninguém diz nunca o que pensa, mas o que lhe convém que pensem os outros; e o aparente zelo pola verdade non é neles mais do que a máscara do interesse; som como máquinas que non pensam e às quais se faz pensar como por molas. Basta informar-se das suas reunións de sociedade, dos autores que conhecem; com isto pode-se estabelecer antecipadamente as suas ideias sobre um libro que está prestes a ser editado e que ainda non leram. Há, assim, um pequeno número de homens e de mulheres que pensam por todos os outros, e por quem os outros falam e axem. Cada pandilha tem as suas regras, os seus valores, os seus princípios, que non som admitidos noutro lugar. Por exemplo, o home considerado honrado nunha casa é considerado um patife na do vizinho: o bom, o mau, o belo, o feio, a virtude e a verdade têm apenas unha vixência local e circunscripta. Mas há mais; cada indivíduo entra constantemente em contradiçón consigo próprio, sem pensar se é bom ou mau. Há uns princípios para a conversaçón e outros para a práctica. Nem sequer se exige a um autor, nem sequer a um moralista, que fale como os seus libros, nem que se comporte como fala; assim, textos, discursos e conducta som três cousas muito diferentes e ninguém obriga a conciliá-las entre si. Os sentimentos non saem dos seus coraçóns, as luzes non provêm da mente, os discursos non lhes representam as ideias. Tal é a ideia que formei do grande mundo em xeral, polo que vi em París. Até agora vi muitas máscaras: quando verei os verdadeiros rostos dos homes?”
ROBERTO R. ARAMAYO