
Montaigne tem muita consciência de que o esforço hermenêutico acabaria por “fabricar um muro sem pedra”. E, sobretudo, tem consciência da utilidade de tentar enraizar a antropoloxia na história, defendendo a tese teórica do heraclitismo da mente em que se pode ler, “post festum” e em papel de seda, a necessidade da dissimulaçón perante a Inquisiçón. O segundo capítulo do terceiro libro também pode ser lido como unha eloquente resposta à censura dos “Ensaios”: a verdade, Montaigne nunca a contradiz, frase que conquistará Nietzsche. A verdade é contradiçón, é a vertixem do ser, é o absolucto do movimento relativo: “Parece que a universalidade das cousas sofre de algunha forma a nossa aniquilaçón, e que sente compaixón polo nosso estado”. A nossa visón alterada deforma todas as cousas; a visón e as cousas falham-se reciprocamente, do mesmo modo que aos que viaxam por mar parece que as montanhas, os campos, a cidade, o céu e a terra se movem com o seu próprio movimento e de forma contemporânea a eles. Mudar de um momento para o outro, rexistar eventos diferentes e variáveis, ideias incertas e contrárias, polo movimento dos obxectos e polo do suxeito conhecido. A contradiçón resolve-se com o tempo, com a relaçón subxectiva e com a relaçón obxectiva. A filosofia de Pirro, tal como Montaigne a interpretou, non é apenas unha epistemoloxia destruidora que termina com a suspensón do xuízo debido à incerteza do saber. Na forma da “hypotyposis” está a recusa da lei de non contradiçón e o abandono de um conceito totalizador de verdade. Agora Montaigne mostra que a verdade pode englobar dous contrários. A filosofia debe transformar-se em “arte da vida”, como medicamento da mente. E Plutarco, com a sua actitude escéptica, é quem conquista a mente… O círculo virtuoso. A contradiçón é movimento dialéctico e a existência consiste em movimento e acçón. Para Montaigne, a contradiçón é a riqueza do mundo, a sua polivalência, a sua essência, o seu sal, porque a sua essência é temporal: aceitaçón activa dos contrários. O conflicto dialéctico é a verdadeira fonte da enerxia dinâmica, e a enerxia dinâmica garante o equilíbrio entre os contrários.
NICOLA PANICHI