
Aparentemente, em 1814, algúns fanáticos esvaziarom as sepulturas de Rousseau e de Voltaire, e deitarom os seus ossos ao lixo, desaparecendo sem deixar rastro. Descobriu-se apenas em 1860, quando forom abertos os dous caixóns e se verificou que estavam vazios. Mas isto aparenta ser outra lenda, neste caso póstuma, digna de ter sido criáda polo próprio Voltaire. Durante a Restauraçón, Joseph de Maistre, autor de “Os Seráns de San Petersburgo” (Les soirées de Saint-Petersbourg) e adversário do pensamento Iluminista, transformaria Voltaire no inimigo por antonomásia do trono e do altar, sem fornecer argumentos, mas apenas impropérios e inxúrias. Porém, entre 1815 e 1835, som publicadas vinte e oito ediçóns das suas obras completas e o seu nome torna-se símbolo do liberalismo. Menéndez Pelayo, no sexto volûme dos seus “Heterodosos”, essa magnífica guía para excluir autores, que se tornam tanto mais valiosos e interessantes, quanta a enerxía desperdiçada por el para os desqualificar, dedica-lhe estas palabras: “Voltaire é mais do que um home, é unha lexión; e, a longo prazo, embora as suas obras, xá envelhecidas, chegassem a cair no esquecimento, ele continuaria a viver na memória das pessoas como símbolo do espírito do mal no mundo”. A verdade é que Voltaire continua a habitar o nosso imaxinário colectivo fundamentalmente como símbolo contra a intolerância, como emblema da luta do senso comum contra os perigosos estereótipos dogmáticos, xerados por qualquer manifestaçón do fanatismo.
ROBERTO R. ARAMAYO