
René Descartes quis dar à filosofia um fundamento tán firme e sólido como o que no seu tempo se reconhecia à matemática e à física. No século XVII, estas duas disciplinas detinham um prestíxio enorme entre as pessoas cultas. Descartes desexou pôr a filosofia ao mesmo nível daquelas duas ciências, pretendeu conferir-lhe unha categoria de saber verdadeiro e incontroverso, convertê-la nunha disciplina séria, com todos os requisitos. Rapidamente compreendeu que, para alcançar este pensamento sólido (non conxectural, hipotéctico ou aproximado), precisava de unhas bases próprias, requería um fundamento específico. Para começar, non podia dar nada por adquirido: se houbesse algum erro no ponto de partida, tudo o que se seguisse ficaria fatalmente viciádo; non poderia alcançar esse saber seguro que perseguia. A filosofia non podia partir, por conseguinte, de verdades relixiosas reveladas, aceites acriticamente, sem proba. Decidido a non dar nada como garantido à partida, Descartes chegou a considerar, em xeito de hipótese de trabalho, que todo o mundo circundante, tudo o que se percebe através dos sentidos, fosse falso e enganoso. Chegou a imaxinar um xénio maligno que se divertía a enganar-nos acerca de tudo o que percebemos, que nos fizesse acreditar, sem qualquer dúvida, que este carbalho que vemos e tocamos, cuxa resina cheiramos e podemos saborear, existe realmente tal como o experimentamos, quando na realidade poderia ser muito diferente ou até non existir. Insistamos em que Descartes considera esta possibilidade como hipótese de trabalho. Pôn tudo em dúvida, absoluctamente tudo, inclusive o aparentemente mais inquestionábel (a esta consideraçón chama-lhe “dúvida metódica”), para encontrar um ponto de apoio firme que defenda tudo o resto. Assim, as cousas, as percepçóns sensoriais non ofertam nenhuma garantia para um conhecimento filosófico que pretende ser tán sólido como o científico. O hipotéctico xénio maligno é pensábel. E se o xénio maligno é pensábel, a dúvida metódica está xustificada. A pergunta é entón: unha vez que posso duvidar de tudo quanto percebo na experiência sensorial, existe algo de que non me sexa possíbel duvidar, que ofereça unha certeza absolucta, inquestionábel? A resposta, que se resume no parágrafo seguinte, orixinou o que entendemos por “racionalismo”.
SERGI AGUILAR