“Tive em consideraçón as diversas ocupaçóns que os homes têm nesta vida para escolher a melhor. Sem desexar dizer nada acerca das ocupaçóns dos demais, pensei que non podia fazer nada melhor do que continuar com o que estaba a fazer e dedicar toda a minha vida a cultivar a razón e avançar o máximo que pudesse no conhecimento da verdade, seguindo o método que me tinha prescripto a mim mesmo”. (Discurso do Método) Descartes chega aos Países Baixos no início de 1629 e aí permanecerá durante vinte anos, guardando durante os primeiros anos um absolucto segredo acerca do seu paradeiro. Sem contar as estadias breves em hospedarias ou casas de amigos, tivo polo menos vintiquatro residências, incluíndo longas temporadas na axitáda Amesterdam, onde se aloxou nunha rua repleta de carniçarias, às quais ia diariamente, para ver como se matavam os animais e para buscar amostras anatómicas com obxecto de as estudar. Nessa época, xá com trinta e dous anos, Descartes tinha começado a sistematizar por escrito as suas descobertas. O seu trabalho intelectual de xuventude pode classificar-se em três grandes domínios: 1º) As investigaçóns matemáticas, que o tinham levado a sistematizar unha fusón entre a álgebra e a xeometria, segundo a qual era capaz de descreber de forma muito simples qualquer curva em relaçón a uns determinados eixos de coordenadas. A inspiraçón do método filosófico, de facto, proveio daqui. No seu entender, os matemáticos non eram capazes de raciocinar por que razón as suas demonstraçóns estavam certas, mesmo que fossem manifestamente evidentes. Daí a necessidade cartesiana de duvidar para esixir fundamentos. As descobertas na antiga xeometria e aritmética pareciam-lhe golpes de sorte. Faltava unha forma de relacionar esses êxitos individuais, de expressá-los com unha notaçón comum, para o que contribuiu com a fundaçón da “xeometria analítica”. 2º) Os seus estudos em física a partir dos problemas que lhe propunham, maravilhados pola sua capacidade, tanto Beeckman como o círculo de Mersenne. Nesse âmbito, os seus interesses foram-se deslocando da xeometria dos sólidos para o estudo da óptica, onde descobriu a lei da refraçón (a mudança de traxectória xeométrica dos raios de luz na sua passaxem de um meio para outro). 3º) Finalmente, debido ao seu sonho lúcido, as suas indagaçóns acerca de um “método universal” de conhecimento que, inspirado na sua descoberta da “xeometria analítica”, tentava dar algunhas normas aplicáveis a qualquer campo do saber. Essas indagaçóns cristalizaram de forma precoce num trabalho inacabado: as “Regras para a Direcçón do Espírito” (no orixinal “Regulae ad Directionem Ingenti”, doravante citadas como “Regulae”), um ambicioso tratado filosófico cuxo rascunho apenas veria a luz postumamente. Trata-se, em qualquer caso, de um texto capital que esclarece, como nenhum outro, conceitos cartesianos tán importântes como a “intuiçón” e a “deduçón”.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO