
Cinco som os meios internos que enumeram os filósofos: vista, tacto, gosto, ouvido e cheiro. As esências de todos eles som diferêntes e, em consequência, também resultan diferêntes as cousas que se percebem por eles, ainda que há algunhas comúns; mencionadas anteriormente: tamanho, número, figura, etc… Os olhos vem unha só palmada; os ouvidos captam o impacto como duplo. Se os olhos non o houberam visto, sem dúvida pensarías que se trata de dous impactos. Fai o cego: vou dar duas palmadas, ou mais bem vou dar unha e outro vai dar outra lonxe de mim, imediatamente depois da minha, como se o outro fosse um eco. Instruído por alguém, no caso de que nunca tivéras vista, dirás que foi um eco; mas é falso. Incluso ainda que vexas: mando a outro que dé unha palmada, a escondidas, detrás de mím. Dirás que foi um eco; pois non foi. Quando galopa um cabalo, com muita frequência o ouvido acredita que som dous. Ou, se som dous, mas caminham ao mesmo passo, parece que é um só; também acredita a vista se os vê desde lonxe. Quando som muitas as cousas que se movem, âmbos os sentidos se enganam ainda mais. Tratándo-se do tamanho, acontece outro tanto: o que para a vista é pequeno, para o ouvido é grande, e ao revés. Com respeito à figura, o olho engana-se muito mais que o tacto, da mesma maneira que este se engana menos que aquel no referente ao tamanho. Às vezes, o que está perto parece muito lonxe à vista e ao ouvido, sobre tudo a este; em outros casos, é ao contrário. Non menos se engana o tacto em quanto à distância: se lhe presentamos, ainda que sexa de lonxe, algo grande e quente, xulga-o non obstânte cercano, a causa da grande impressón. Também com enorme frequência se engana o cheiro. ¿Para que dizer mais?: nada mais perto que os sentidos, nada mais enganoso que eles. ¿De qual te podes fiar? ¿Do ouvido? ¿Da vista? Em bom aperto te meto!
FRANCISCO SÁNCHEZ