
Definitivamente, había unha doutrina oficial e pública, acessíbel a todos, e outra autêntica e oculta, cuxas mensaxens e símbolos eram transmitidos apenas entre alguns escolhidos. No caso do cristianismo, por exemplo, o gnosticismo cristán sustentaba que Xesus tinha explicado apenas aos evanxelistas o autêntico significado das suas parábolas, significado que estes tinham mantido oculto aos demais, transmitindo-o de forma exclusivamente oral de pais para filhos. Unha verdade, portanto, que ia para lá do que podia ser entendido, de forma explícita, nos Evanxelhos (para uso do público em xeral). A relixión autêntica consistia, assim, em acceder a esse conhecimento oculto e reservado. Este saber esotérico constituía unha espécie de “mito total”, em que o iniciado descobría a verdadeira história do cosmos e do homem e o seu significado. Além das diferenças pontuais, as diversas formulaçóns do gnosticismo partilhabam um conxunto de temáticas comuns: a visón da criaçón (o mundo) como producto das forças do mal, o mito da queda da alma, como elemento divino aprisionado num corpo material, a promessa futura da chegada de um redentor e a victória final do Deus transcendental e do princípio do bem. Tratava-se, portanto, de unha concepçón pessimista e com forte coloraçón dualista: por um lado, o fragmento divino (alma) encerrado no corpo, por outro, o mundo criado e o próprio corpo como manifestaçón do mal. Porém, o conhecimento que a verdade gnóstica oferecia non era, simplesmente, um conhecimento intelectual, tinha também unha funçón salvífica. Ao desvelar a história e o sentido da criaçón, o “perfeito” descobria que a sua missón consistia na libertaçón dessa partícula divina através da práctica de um ideal ascético e purificador. Um caminho de perfeiçón que passava, sem dúvida, pola rexeiçón do mundo criado e do corpo e seus prazeres.
E. A. DAL MASCHIO