
Como referimos xá no primeiro capítulo, Santo Agostinho nunca foi um pensador sistemático que se tenha proposto erixir um corpo conceptual completo e coherente. As ideias que o fizeram merecedor de um lugar na história do pensamento non foram o resultado da progressiva articulaçón de um plano preestabelecido, mas surxiram como resposta às controvérsias que se iam desencadeando e em que o nosso protagonista esteve envolvido. E como vimos ao percorrer a sua biografia, o primeiro rival que teve de enfrentar foram os antigos camaradas maniqueístas, de cuxas doutrinas teve de se libertar como condiçón prévia à sua conversón ao cristianismo. Mas, quem eram os maniqueístas? Em que consistia a essência da sua doutrina? Dedicaremos a primeira parte deste capítulo a responder a estas duas questóns, para depois descrever os dous movimentos com os quais Santo Agostinho superou os pensamentos heréticos da sua xuventude. O gnosticismo maniqueísta, a doutrina pregada por Mani, inscrevia-se num fenómeno espiritual de maior envergadura, tendo atinxído unha notábel difusón nos territórios do Império desde a sua fundaçón por Augusto: o gnosticismo. Apesar da diversidade de abordagens, entre as suas diferentes manifestaçóns e tradiçóns, todas elas partilhavam um conxunto de características que permitem agrupá-las sob unha mesma categoria. A primeira delas, e que lhe viria a dar o nome, correspondia a unha concepçón do fenómeno relixioso como estando dividido em dous níveis. O nível mais baixo, correspondia à relixiosidade popular e tradicional, formada pelo conxunto de ritos, superstiçóns (aos olhos dos gnósticos) e crenças professados pola plebe e pelos estractos mais sinxélos da comunidade relixiosa. Acima destes, elevava-se unha forma de espiritualidade mais autêntica e verdadeira, unha sabedoria (a gnose) “secreta” e esotérica, apenas ao alcance de um selecto grupo de iniciados.
E. A. DAL MASCHIO