
Base das doutrinas gnósticas foi, pois, o orgulho desenfreádo, a aspiraçón à sabeduria oculta, e a tendência a colocar iniciaçóns e castas, num dogma onde non cabíam. O segundo carácter comúm a todas estas seitas foi o misticismos; misticismo de mala lei e heterodoxo, porque, sendo danificada a árbore, non podíam ser santificados os frutos. Os gnósticos partem do racionalismo para matar a razón. É o caminho dereito. Non probam nem discutem, antes construiem sistemas a “priori”, como os idealistas xermânicos do primeiro terço deste século. Se encontram algum axioma de sentido comúm, algum dos elementos essênciais da consciência que parece pugnar com o sistema, deixam-no à parte, retorcem-no e alteram, ou o tenhem por filho do entendimento vulgar, que non chegou ainda à “gnósis”, como se dixéramos, à visón de Deus em vista real. Admitíam em tudo ou em parte as Escrituras, mas aplicândo-lhes com enteira liberdade a esexése, que para eles consistía em refutar todo libro, parágrafo ou capítulo que fosse contrário às suas imaxinaçóns, ou em interpretar com violência o que non rexeitavam. Marción foi um destes esexetas. O gnosticismo, polas suas aspiraçóns e procedimentos, resulta unha “teosofía”. Os problemas que principalmente atira a resolver som três; a orixe dos seres, o principio do mal no mundo, e a redençón. No que toca ao primeiro, todos os gnósticos som “emanatistas”, e substituiem a criaçón polo desarrolho eterno ou temporal da essência divina. Logo veremos quantas enxenhosas combinaçóns imaxinárom para expô-lo. Polo que concerne à causa do mal, todos os gnósticos som “dualistas”, com a diferênça de supôr uns eternos, o principio do mal e o do bem e dar a outros unha existência inferior e subordinada, como dependentes de causas temporais, à “raíz” da desordem e do pecado. No que mira à redençón, quase todos os gnósticos a extendem ao mundo intelectual ou celeste, e no demais som “dóketos”, negando a unión hipostática e a humanidade de Jesuscristo, cuxo corpo consideram como unha espécie de fantasma. A sua “christoloxía” mostra os matices mais variádos e as mais peregrinas extravagâncias. No que respeita à moral diférem muito os gnósticos, ainda que non especularom sobre ela de propósito. Várias seitas proclamam o ascetismo e a maceraçón da carne, como meios de vencer a parte “hylica” ou material e emancipar-se dela, ao passo que outras ensinárom e practicárom o princípio de que, sendo tudo puro para os puros, depois de chegar à perfeita gnóse, pouco importabam os descarrios da carne. Neste sentido forom precursores do “molinosismo” e das seitas “alumbradas”.
MARCELINO MENENDEZ PELAYO