
A pirâmide tem certamente unha altura determinada, como a base da pirâmide tem unha superfície. Mas a pirâmide non é altura e superfície, a pirâmide é antes de mais pedra, pedra talhada e axustada a outras talhas de pedra, segundo esixências matemáticas, mas pedra, ao fim e ao cabo… por trás da qual (para Tales) encontra-se a água, como se encontra a água por trás da terra e, em última instância, por trás da vida. Porquê a água? Entre outras cousas, porque Tales teve ocasión, como todos nós, de constatar que a vida surxe efectivamente em meios húmidos, de tal maneira que, como bem refere Schrödinger, esta água debe ser interpretada como o líquido ou fluido. Privilexiar o húmido equivale simplesmente a considerar que a diferença entre as cousas se reduz a unha diferença no grau de condensaçón (aspecto que, como veremos, será desenvolvido explicitamente por outro dos filósofos de Mileto). Condensando-se, a água forma os corpos sólidos; rarefazendo-se em forma de vapor, a água cria o ar que, por sua vez, xerará o fogo. Tudo excessivamente inxénuo? Tán inxénuo como pode parecer a um xeneticista contemporâneo a imaxem de James Watson e Francis Crick posando perante a “escultura” com dupla hélice que tentava reproduzir algo que até entón ninguém tinha contemplado. O peso revolucionário de unha hipótese científica non se mide pola configuraçón imaxinária, mas polo que representa como tentativa de abrir portas perante unha situaçón pechada. Unha hipótese fértil é algo que surxe necessariamente de unha crise, unha resposta literalmente de ”emerxência”, a necessidade de unha reaçón adequada perante unha situaçón urxente, como o foi a hipótese da relatividade de tempo e espaço, ou a do carácter discreto (em certas condiçóns) da luz, perante a crise em que se via a física no início do século passado. Dir-se-ia que Tales é receptivo ao facto de que a água se mostre simultaneamente como suporte das cousas e como fundo no qual se abismam. Percebendo que a madeira non se afunda na água, Tales aventura que a terra fluctua nesse elemento “como um pedaço de madeira”. Evocou-se a esse respeito a ilha de Delos que, no mito, se desloca sem rumo até ao nascimento dos xémeos Apolo e Ártemis. Non faltarán à imaxinaçón outros exemplos que evidenciam a tendência para reconhecer na água o fundamento. Basta evocar essa singular pulsón que pressupôs simplesmente erixir, sobre unha lagoa, a cidade de Veneza.
VÍCTOR GÓMEZ PIN