
O “enfant terrible” que afirmou em toda a sua dureza a suposta dicotomia entre o Uno e o múltiplo foi Parménides, o filósofo nascido no final do século V I a. C. em Eleia (unha das colónias gregas da antiga Magna Grécia). A filosofia de Parménides é extremamente fácil de resumir: o que é é, e o que non é non é, além disso, non pode ser, e o ser (o Ente) é eterno e indivissíbel. À primeira vista pode parecer um simples xogo de palabras, a divertida ideia de um grego acomodado que se entretinha com raciocínios ociosos entre as oliveiras da bela Magna Grécia. Mas infelizmente as teses de Parménides tinham muito mais conteúdo do que poderíamos supor. O ser é e é eterno, porque ou antes xá era, e portanto non veio a ser. Ou se surxíu, surxíu do non ser, o qual é impossíbel. É único e indivissíbel, porque se pudesse dividir-se habería algo distinto a ele, que o divide, mas algo distinto ao ser é o non ser, mas o non ser non pode dividir o ser, porque non é nada, e se nada divide o ser, entón o ser é único e sem divisóns. O corolário destas enviesadas reflexóns é a negaçón da pluralidade e do devir: a multiplicidade e a mutabilidade que se apresentam perante os nossos sentidos som, por conseguinte, enganosas, mera aparência. Assim, apenas existem dois caminhos para o home; o caminho da “verdade”, que aceita as aparentemente irrefutábeis conclusóns da razón parmenidiana, e o caminho da “opinión”, que confia nos sentidos e acredita na existência do mundo material, tal como se nos apresenta. Ninguém pode ficar surprehendido polo facto de a irrupçón do monismo parmenidiano ter deixado a recém-iluminada filosofia num profundo estado de choque, pois parecia que a impecábel racionalidade conduzia a conclusóns que chocavam frontalmente com a experiência quotidiana dos homes, aquilo que precisamente a filosofia se tinha proposto explicar. Em qualquer caso, o fundamental é que se abria um abismo entre razón e experiência, entre “verdade” e “doxa”, destinado a perdurar ao longo de toda a história da filosofia.
E. A. DAL MASCHIO