
Esta separaçón ciência-relixión, embora debesse disfarçar-se num princípio sob unha concepçón “instrumentalista” da primeira (segundo a qual a ciência apenas construía hipóteses fictícias, sendo a verdade monopólio das Escrituras), era xá unha conquista muito moderna e com a qual Descartes se sentia à vontade, porque lhe permitia entregar-se libremente às suas investigaçóns, conservando o seu estatuto social e a sua fidelidade à educaçón recebida. De certa forma, Mersenne representaba o rosto amábel da Igrexa católica para com a nova ciência, um rosto que, embora parcial e nem sempre oficialmente sancionado, desempenhou um papel essêncial na divulgaçón das novas ideias. Tanto Mersenne como Descartes entenderom, portanto, que a maneira de combater a Reforma e a fúria anticlerical xá non podia ser um retorno a Aristóteles. Apenas assim se explica que fosse nesse círculo católico que se reuniram os intelectuais franceses do momento e se difundiram as novas ideias, entre elas o “atomismo”, o “heliocentrismo” e o “mecanicismo” (Mersenne defendeu e divulgou amplamente Galileu antes e depois da sua condenaçón definitiva). Entende-se pois que Descartes e o círculo de Mersenne tivessem ocupado um lugar peculiar neste clima “libertino” no qual as novas ideias científicas se misturabam com um último ressurximento da maxía ou da alquimia. Demasiado avançados para a doutrina oficial da Igrexa católica, sem dúvida, mas igualmente distantes a respeito do esoterismo renascentista, cuxo esgotamento começaba a mostrar claramente que se trataba apenas de um discurso insubstancial e nostálxico acerca de unha suposta sabedoria oriental perdida, da qual ninguém sabia nem tinha sabido nunca nada ao certo e que funcionaba mais como um código de adesón entre descontentes do que como unha alternativa real ao aristotelismo. No entanto, como se algunha cousa o incomodasse, Descartes decidiu abandonar subitamente París no final de 1628. É significativo que isso tivesse acontecido depois de unha audiência privada com o cardeal Berulle, cuxo protexido, Richelieu, tinha chegado ao poder e tentaba debilitar a influência exterior dos Áustrias e, simultaneamente, unha alternativa educativa católica aos xesuítas. Se a hipótese da espionáxem estiver certa, Berulle debe ter-lhe comunicado que sabiam das suas movimentaçóns com o inimigo e que non podiam garantir-lhe a segurança por mais tempo em França. Isso explicaría o exílio autoimposto (xá non voltaria a viver no seu país) e a mudança obsessiva de residência (polo menos dezoito vezes durante os quinze anos seguintes, algo insólito para um filósofo) durante a sua estada nas Províncias Unidas, nos Países Baixos do norte. A razón oficial, em qualquer caso, foi que Berulle o encoraxou a desenvolver as suas ideias e ele aceitou de bom grado procurar “a solidón perfeita nunha terra moderadamente fría, onde ninguém o conhecesse”.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO














