
A proposiçón “A massa de um corpo é sempre conservada” resulta verdadeira na mecânica xewtoniana de acordo com o que nela se entende por “massa”, mas é falsa na teoria da relatividade porque nesta por “massa” entende-mos outra cousa. Pior ainda, o que tem sentido e é certo num paradigma pode simplesmente carecer de sentido no paradigma rival. Assim, a proposiçón “Os metais resultam da combinaçón do flogisto com certos minerais” tem sentido e é verdadeira na química do século XVIII; por outro lado, na química moderna, essa proposiçón nem sequer é falsa: carece totalmente de sentido porque, segundo a química moderna, o termo “flogisto” non designa nada. Assim, dada a relatividade das noçóns de significado (designaçón) e de verdade (ou falsidade), pode atribuir-se realmente unha certa dose de “relativismo epistemolóxico” à concepçón kuhniana. Non é um relativismo total porque, como vimos, Kuhn admite a possibilidade de comparar efectivamente paradigmas rivais atendendo a critérios metodolóxicos como o seu diferente grau de precisón, coherência ou fecundidade. Mas non deixa de ser um relativismo profundo – diga o que disser o próprio Kuhn – , porque pôm em causa a aplicabilidade universal da própria noçón de verdade. Para os filósofos da ciência anteriores a Kuhn (e também para a grande maioria dos cientistas e pessoas cultas), a empresa científica é unha actividade que nos encaminha, ou devia de encaminhar, para a verdade. Admite-se que, no decurso do desenvolvimento científico, pode haber altos e baixos de todo o tipo, e até mesmo obstáculos graves, mas supomos que a longo prazo, graças ao progresso científico, saberemos cada vez mais verdades acerca de como é realmente o mundo. Para Kuhn, isso é unha pura ilusón. Non nega que haxa progresso científico em certo sentido, mas é um progresso puramente “instrumental”: as teorias científicas tendem a “funcionar” cada vez melhor, a ser cada vez mais precisas, mais coherêntes, a ter maior alcance. No entanto, daí non se pode depreender que o desenvolvimento ciêntífico consista em percorrer um caminho previamente traçado que, por fim, nos conduzirá à “Verdade Universal e Definitiva”. Para Kuhn, isto é simplesmente um mito. Foi este o aspecto da abordaxem kuhniana que mais polémicas e animosidades lhe valeu, sobretudo por parte de Popper e dos seus seguidores ou simpatizantes. É sobre isto que vamos falar a seguir.
C. ULISES MOULINES