
Poucos quilómetros mais e estamos na Ponte do Mouro. O viaxante passa sem ver, porque o monumento fica a unhas dezenas de metros da nova ponte actual, num plano mais baixo, sobre unha apertada garganta do rio. Foi aqui que há precisamente seiscentos anos (aconteceu no dia primeiro de Novembro de 1386) se encontrarom o duque de Lencastre, que nessa altura se intitulaba rei de León e de Castela, e D. Joao I, rei de Portugal, e aqui se axustarom os termos de unha acçón militar conxunta e o casamento do rei português com D, Filipa de Lencastre. Fernán lopes conta com grande colorido esse episódio, que tivo consequências fecundas na história nacional. O duque, porque estaba casado com unha princesa castelhana (D. Constança, filha de Pedro, o Cru) reclamaba para si a herança da coroa de Castela. Organizou unha expediçón que embarcou em cento e trinta navios, onde trazia duas mil lanças e três mil archeiros e apareceu no porto da Corunha precisamente no vinticinco de Xulho, dia de Santiago. Os portugueses que vinham com ele sabiam que, no dia do apóstolo, non habia ninguém que non fosse em peregrinaçón a Compostela; por isso entrarom pola ria de Betanços onde estavam ancoradas as galés do rei de Castela e destruiram-nas depois de baldearem para os seus navios tudo quanto la acharom. O duque atravessou a Galiza sem encontrar resistência e veio-se aproximando lentamente da raia portuguesa. Instalou-se em Ourense, e diz-se que ali começarom as negociaçóns para a paz, ainda antes de tentada a sorte da guerra. Os mensaxeiros correrom a levar a notícia de que os Ingleses tinham desembarcado ao rei de Portugal, que naquela altura estaba em Lamego. A situaçón era melindrosa, porque os portugueses ainda estabam bem lembrados da salvaxaría brutal daqueles bandos de guerreiros, que no tempo de D. Fernando tinham deixado um sulco de terror nas rexións que atravessaram. Era verdade que vinham como aliados, e portanto era preciso recebê-los; mas também era necessário evitar que se instalassem em Portugal e devastassem a terra. Foi por isso que se marcou a Ponte do Mouro: “Acharam que era bem de se verem na Ponte do Mouro, entre Melgaço e Monzón, que eram dezanove léguas do Porto.” A data marcada foi o dia de Todos-os-Santos. Non houbo portanto pressa: de Santiago aos Santos ván três meses e cinco dias, tempo excessivo para atravessar a Galiza. Mas D. Joao I era prudente, dissimulado, precavido. Aquela aliança tinha de ser bem ponderada, e era preciso fazer preparativos para as pompas reais com que queria aparecer diante do duque: era aquela a primeira grande cerimónia em que aparecia no seu novo estado de rei. Além disso o duque chegava no tempo das vindimas; era preciso dar tempo aos labradores para fazerem o vinho e para guardarem as cubas a bom recato, onde os aliados as non vissem.

JOSÉ HERMANO SARAIVA E JORGE BARROS
