
O ARGUMENTO A PRIORI
Na parte IX dos Diálogos, Hume interrompe a sua longa análise do argumento do desígnio para se dedicar ao argumento “a priori”. A versón deste argumento que Hume expón e ataca é a que Samuel Clarke apresentou nas Conferências de Boyle de 1704, depois publicadas com o título Uma Demonstraçón da Existência e dos Atributos de Deus. O argumento, tal como Hume o coloca na boca de Demea, corresponde mais ou menos àquele a que hoxe se chama “argumento cosmolóxico”: Tudo o que existe tem de ter unha causa ou razón da sua existência, unha vez que é absoluctamente impossíbel que unha cousa se produza a si própria ou sexa a causa da sua própria existência. Portanto, ao remontarmos dos efeitos às causas temos de percorrer unha sucessón infinita, sem absoluctamente nenhuma causa última, ou temos de, por fim, recorrer a unha causa última que exista “necessariamente”. Ora, pode-se probar como se segue que a primeira suposiçón é absurda: na cadeia ou sucessón infinita de causas e efeitos, cada efeito singular é determinado a existir pelo poder e pela eficácia da causa que imediatamente o precedeu; mas a cadeia ou sucessón eterna completa, tomada em conxunto, non está determinada ou causada por nada e, no entanto, é evidente que requer tanto unha causa ou razón quanto qualquer obxecto particular que comece a existir no tempo. (…) O que foi entón que determinou que algo existisse em vez do nada e que conferíu a unha possibilidade particular a existência, excluindo as restantes? Pressupón-se que non existem “causas externas”. O acaso é unha palabra sem significado. Foi “o nada”? Mas isso nunca pode produzir cousa algunha. Temos, portanto, de recorrer a um “Ser” necessariamente existente, que traga em si mesmo a Razón da sua existência e que non se pode supor non existir sem unha contradiçón explícita. Existe consequentemente um tal “Ser”, isto é, existe unha “Deidade”. Embora a crítica a este argumento ocupe substancialmente menos páxinas do que a crítica ao argumento do desígnio, ela permite a Hume atacar o outro grande sustentáculo racional da relixión tradicional e, dessa forma, tornar mais forte a sua defesa da suspensón do xuízo. A crítica ao argumento está dirixida às noçóns de “existência necessária” e de “explicaçón suficiente” dos efeitos de unha cadeia causal. De notar que, enquanto o ataque ao argumento do desígnio era feito por Filón, agora a análise crítica está sobretudo a cargo de Cleantes.
DAVID HUME