
PASSOS COELHO: O VENDEDOR DE CENOURAS
Cortes nos subsídios sao temporários… Titula, mais ou menos assim, um matutino lisboeta as declaraçoes do Passos Coelho. No entanto, como non é tarefa minha incutir esperança onde nao há sorriso, faço-me uma pergunta mouca: mas, há corte, nao há? A resposta é conhecida: há. Entao, que pretende dizer o primeiro-ministro? Nunca se sabe o que pretende dizer um político; mais ainda se é um político pragmático ligado aos tubaroes do liberalismo económico, no entanto, inclinome pêlo possíbel conselho dos típicos assessores para que a mercadoria dos cortes sexa bem vendida. É puro e duro marketing. É o pacote governativo vendido como quem vende cenouras a peso. Está a vender unha promessa. Está a pisar o presente para que nao sexa visto. Está a adiantar o sabor, magnífico sabor da cenoura antes de ser comprada, antes de ser cozinhada e provada. Há corte, nao há? Há. Que capacidade de análise tem o primeiro-ministro sobre a saída da crise? Nenhuma. Ler uma primeira página de qualquer jornal e de qualquer tendência é similar ao que se sente quando se apanha unha trevoáda descalço e sem roupa apropriada. Os cortes e recortes aparecem em todos os sectores. Acabo de ver unha espécie de título-queixa onde os alvejados sao os bancários. Volto a fazer uma pergunta mouca: mas, os ex-empregados da Banca sao os fazedores da crise? O poder financeiro está a ganhar muito dinheiro. Além disso, os poderes políticos sempre disponibilizam dinheiro para salvar a Banca. E os ex-empregados ou reformados de profissao do Fernando Pessoa, sao requeridos para entregar a esmola da porta da Igrexa ao Estado. Depois o Estado, com o seu governo comandando a soluçao da crise, entrega mais dinheiro à Banca para a salvar… É cómico. Sao cómicos. Os políticos se nao existissem deveríam ser inventados, para viajar, como outrora, de aldeia em aldeia; de vila em vila para entreter e fazer gargalhar as pessoas. Sem mando em praça. Seriam políticos do faz de conta. Hoje, já sao tal; sao políticos sem soberania e sem compromiso para com o voto delegado, mas têm, ainda, capacidade para legislar o que o poder financeiro faz e desfaz. Vendo bem a notícia sobre os ex-empregados da Banca parece-me que me enganei. Talvez nao se referisse ao empregado clássico que todos conhecemos; talvez fosse uma metáfora; talvez se referisse aos ex-políticos…
JOSÉ LUÍS MONTERO MONTERO