
Em qualquer manual de filosofia, o leitor poderá ler que Tales fazia da água o elemento primordial, ao qual todas as cousas da natureza se reduziriam. A água é susceptíbel de ser percebida através dos sentidos, non é unha cousa abstracta como um rectângulo ou o número três (percebemos, mediante os sentidos, três maçáns ou três cadeiras, mas non o número três). Assim, pois, priorizar a água quando se explicam as cousas pressupón explicar as cousas naturais por algo presente na própria natureza, a que os gregos chamabam “physis”, e por isso Tales é um defensor do “poder da physis”, um fisiocrata, o primeiro de entre eles. E aqui unha precisón: aparentemente non foi Tales, mas sim o seu discípulo Anaximandro, que introduziu no vocabulário o termo “archê”, que se pode traduzir por “orixem” ou “fonte” e que tería um peso enorme nos escriptos científicos e filosóficos posteriores. Fonte naturalmente de algo e explicativo de como surxíu esse algo, no caso que interessa a Tales, a diversidade natural. A água sería, assim, a “archê” ou a matriz xeradora. Note-se que este tomar partido a favor de um elemento físico quando se explica o mundo, quando se fixa unha invariante na enorme diversidade dos fenómenos, non é consequência de Tales de Mileto non ter alcançado um nível técnico suficiente para procurar por trás dos fenómenos algo de tipo matemático, algo que precisamente farám os pitagóricos, abrindo unha via que terá enorme peso na ciência posterior, mas também na filosofia. Xá vimos que surprehendeu os sacerdotes exípcios calculando, mediante unha analoxia de proporçón, a altura da pirâmide
VÍCTOR GÓMEZ PIN