
O adoentado idoso desdobra-se nunha actividade frenética. Orienta Ferney como se fosse o presidente de unha pequena república, trata dos seus negócios para continuar a aumentar a sua considerábel fortuna, escrebe unha média de trinta cartas por dia, encomenda unha ediçón das obras completas de Corneille, arranxa polémicas com toda a xente e concebe os melhores frutos da sua vasta produçón. No meio de tudo isso, decide recuperar a memória de um huguenote que foi torturado e condenado á morte, debido aos preconceitos relixiosos. Voltaire estudará detalhadamente todos os pormenores do processo, analisando a sua verosimilhança, até conseguir que a sentença sexa revogada e que a viúva sexa indemenizada. Trata-se do caso Calas, que dará lugar ao célebre “Tratado sobre a Tolerância”, que examinaremos mais adiante. Até entón, a intolerância estaba identificada como unha virtude. Era preciso defender as convicçóns próprias e preservar os dogmas de ataques heterodoxos. Mas Voltaire invoca o bom senso para combater os preconceitos do fanatismo. Há outros casos, como o do xovem cavalheiro de La Barre ou o dos Sirven, que lhe trazem a fama de defensor quixotesco da xustiça por toda a Europa. Paralelamente é publicada a primeira versón do seu “Dicionário Filosófico” (1764). Nessa época, Voltaire cria a seu famoso lema “Écrasez L’infáme!”. Há muitas maneiras de traduzi-lo. De “Esmagai o infâme!” até “Erradicai a intolerância do fanatismo!”. A luta é contra tudo o que sexa nocivo para que impere a sensatez, embora probabelmente a intolerância dos fanatismos relixiosos encarne de um modo paradigmático a infâmia. Porém, quando em 1764 os enciclopedistas celebram com xúbilo a expulsón dos xesuítas de chán francês, Voltaire mostra-se mais cauteloso e diz que “mais vale vilán conhecido!”, acolhendo vários xesuítas errantes, como o padre Adam, que chegou a viver treze anos em Ferney, como capelán do castelo, embora a sua principal funçón fosse, como xá referimos, xogar xadrez todas as noites com Voltaire.
ROBERTO R. ARAMAYO