
Kant constrói um modelo de conhecimento que supera as duas linhas epistemolóxicas dominantes no seu tempo. “Superar” non significa aqui simplesmente combinar e sintetizar para obter um conxunto satisfactório; significa ir mais além, conservar aspectos destas duas linhas, mas acrescentando algo que non estaba contido em nenhuma delas. Kant conserva do empirismo o princípio de que todo o conhecimento real se orixina na experiência, na percepçón sensíbel, nos dados dos sentidos. E conserva do racionalismo o princípio de que a mente funciona aplicando conceitos próprios “a priori”, isto é, independentes da experiência e prévios a ela. Argumenta, assim, que o conhecimento real e obxectivo está baseádo na aplicaçón correcta desses conceitos às sensaçóns captadas polos sentidos. Nem a percepçón sensíbel nem o entendimento, por si só, podem dar conhecimento: a primeira fornece conteúdos sem forma (caos), e o segundo, formas sem conteúdo (ilusóns). Como nos diz Kant, “os pensamentos sem conteúdo som vazios: as intuiçóns sem conceitos som cegas. (…) O entendimento nada pode intuir e os sentidos nada podem pensar”. Pode imaxinar-se as intuiçóns non categorizadas polos conceitos como as manchas de cores da pintura impressionista, ou como as figuras delirantes de um caleidoscópio de magma ou (segundo dizem) como as alucinaçóns causadas polo LSD. Podemos imaxinar os conceitos sem intuiçóns como algo ainda mais abstracto do que a matemática, como ar dentro de ar. Só na acçón conxunta de ambos pode surxir o conhecimento. Cria-se assim um modelo epistemolóxico em que todo o conhecimento real se produz num ponto de vista subxectivo -que sintectiza o rexisto de dados sensoriais e aplica sobre eles os conceitos “a priori”- e, apesar dessa subxectividade, é lexítimo como descripçón precisa do mundo exterior, independente do suxeito. Assegura-se a obxectividade efectiva do que é dado aos sentidos, mas ancorando-a na percepçón do ponto de vista do suxeito. O mundo, que o suxeito absorve mediante as percepçóns sensíbeis, ordena-se e adquire sentido graças à acçón do entendimento e dos seus conceitos sobre elas. Há duas fontes (Kant chama-lhes faculdades, potências e espécies) do conhecimento, ambas igualmente imprescindíbeis.
JOAN SOLÉ