
¡Saúde ao Tejo mezzo-evale! ¡Que marxens encantadas! Resulta unha perspectiva como a desses xoguetes de Nuremberg, com os seus campos verdes e cultivados, suas casinhas caprichosas nas cimas e nos milhares de moinhos de vento que, axitando os seus brazos inxénuos, dan movimento e vida à paisaxe. Aí está a Torre de Belém, à qual saúdo por quinta vez. ¿Como é possíbel filigranar a pedra à par que o ouro e a prata? ¿De onde sacabam os algarbes, o ideal dessa arquitectura esbelta, transparente, impalpábel? Perdemos o segredo; o espírito moderno vai à utilidade e a obra mêstra é hoxe o cubo maçizo e pesado de Regent’s Street ou da Avenida da Opera. Um albanhil árabe ideaba e construia um corredor da Alhambra, ou do Generalife, com os seus pilares invissíbeis, os seus arcos calados; todos os enxenheiros de França se reunem em concurso e ao triunfador, o representante da arte moderna, construie o Teatro da Opera, ¡isto é, um aerolito pesado, informe, dourado em todas as costuras! A ancora cai; unha lancha aproxima-se, dentro da qual há dous ou três homes éticos e sórdidos; alargase-lhe uns papeis na ponta de unha tenaza. Aprobo a tenaza, que garantiza a saúde d’abordo, probabelmente comprometida com o contacto daqueles cabalheiros. Estamos em quarentena. Os flamantes viaxeiros irritam-se e blasfemam; os veteranos limitámo-nos a citar-lhes o caso daquel barco de vela que saíu de San Francisco de California, com patente limpa e chegado a Lisboa, tendo dobrádo o Cabo de Fornos e depois de nove meses de navegaçón, sem fazer unha só escala foi posto gravemente em quarentena, à causa de haber arribado em mala estaçón. Porque é necessário saber que em Lisboa a quarentena impom-se durante os primeiros nove meses do ano e abre-se o porto nos últimos três, haxa ou non epidemias nos lugares de onde venhem os buques que arribam a esta rada hospitalária, Esta suspensón de hostilidades tem por obxecto sacar a licitaçón a empresa do lazareto, fonte principal das rendas de Portugal. ¿Estamos? Baixam vinte pessoas; cada unha pagará no lazareto dous pesos fortes diários, é dizer, todas, em dez dias, dous mil francos. Vinhamos a bordo mais de trescentos passaxeiros, que descenderíamos todos se non houbesse quarentena, passaríamos meio dia e unha noite em Lisboa, gastando cada um, termo meio, em hotel, teatro, carruaxe, compras, etc…, quinze pesos fortes; total uns vinte mil francos aproximadamente, dos que cinco ou seis entrariam por dereitos, impostos, alcabalas, patentes e demais, nas arcas fiscais. Economia Portuguesa. ¡Que rápida e curiosa decadência a de Portugal! A natureza parece ter designado a Lisboa para ser a porta de todo o comércio europeio com as Américas. O seu chán é admirábelmente fértil e os seus productos buscados por todo o mundo; Nos grandes dias, tivo o sol constânte sobre as suas posessóns. As suas façanhas na Ásia forom úteis para Inglaterra. Vasco dobrou o cabo para os inglêses e os esforços para colonizar as costas africanas tiverom igual resultado. A independência do Brasil foi o golpe de graça, e hoxe em dia… ¡Ninguém lê a Camoes!
MIGUEL CANÉ


















