Arquivos diarios: 19/07/2023

DAVID HUME (DIÁLOGOS SOBRE A RELIXIÓN NATURAL)

A COMPLEXIDADE IRREDUCTÍBEL

Enquanto os defensores do argumento “antrópico-teleolóxico” chamam a atençón para certas características extraordinárias do universo, os apoiantes da “complexidade irreductíbel” procuram mostrar que existem sistemas biolóxicos a nível molecular que só podem ser explicados se postular-mos a existência de desígnio intelixente. O melhor e mais conhecido representante desta nova versón do “argumento do desígnio” é o bioquímico Michael Behe. No libro Darwin’s Black Box, Behe define “complexidade irreductíbel” como um “sistema único composto de várias partes, bem axustadas e em interaçón, que contribuiem para unha funçón básica, no qual a remoçón de qualquer unha das partes, faz que o sistema deixe de funcionar”. Como um sistema biolóxico deste tipo tem, por definiçón, de surxir de unha só vez e non pode ser o resultado da selecçón natural, Behe, afirma que a melhor explicaçón para a sua existência é o desígnio intelixente. Um exemplo de “complexidade irreductíbel” artificial som as armadilhas para ratos que, segundo Behe, só funcionam com todos os componentes presentes. Mas há também sistemas biolóxicos irreductibelmente complexos na natureza. É esse o caso dos cílios e dos flaxélos, dispositivos que permitem a alguns tipos de células movimentarem-se. Se esses sistemas fossem lixeiramente alterados, xá non funcinariam, polo que non podem ser o resultado da selecçón natural e tiverom que surxir de unha só vez. Som, por conseguinte, o resultado da actividade do desígnio intelixente. O debate em torno do desígnio e do “argumento do desígnio”, como se vê, non é algo que tenha interessado os filósofos e teólogos num momento particular da história e que depois disso tenha desaparecido para sempre. Este debate continua vivo e caloroso, eventualmente mais vivo e caloroso do que no tempo de Hume. Há naturalmente diferenças que resultam, em parte, do progresso científico que entretanto ocorreu e, em parte, da evoluçón das ideias relixiosas. Mas há um aspecto de grande importância que debe ser realçado. Trata-se do facto de as versóns modernas do “argumento do desígnio”, como as que acabámos de ver, xá non terem, polo menos explicitamente, por base os “argumentos por analoxia”. Mesmo que sexa possíbel recuperar esse argumento, como pretendem os defensores destas novas versóns, e com ele probar a existência de Deus, unha cousa é certa: esse argumento non procurará probar a existência de unha Divindade semelhante ao home a partir da analoxia entre os artefactos humanos e os obxectos naturais. E isto é em parte resultado da crítica de Hume.

DAVID HUME (7O TEXTOS FILOSÓFICOS)