Arquivos diarios: 17/07/2023

AURELIUS AGUSTINUS (O FIM DO MUNDO)

Em 409 d. C., tinham xá decorrido mais de vinte anos desde o regresso de Santo Agostinho ao Norte de África e quase quinze desde a sua ordenaçón como bispo de Hipona. Durante este período, Santo Agostinho centrou todo o seu esforço em assegurar a, até entón, fráxil posiçón da Igrexa católica no Norte de África, eliminando todos os inimigos que lhe apareceram no caminho. Com a sua aliança com o poder civil do Império, conseguiu que o cisma donatista fosse proscrípto (Édito da Unidade, do ano 405) e condenado a sobreviver nunha situaçón de semiclandestinidade graças às políticas repressoras que se seguirom ao édito. O maniqueísmo non teve melhor sorte, entrando em franca regressón perante o arranque do trabalho pastoral e de propaganda levado a cabo por Santo Agostinho e polos seus fiéis discípulos. É verdade que, no plano doutrinário, a ambicionada unidade do cristianismo sob a direcçón única da Igrexa católica estava lonxe de ser unha realidade, como era demonstrado pela vitalidade da heresía arriana (em particular, entre as populaçóns bárbaras) e a plena efervescência em que se encontravam as teses de Pelágio e de que falaremos mais tarde. Mas, no plano político, non há dúvida de que as lutas e o esforço de todos esses anos tinham resultado num enorme êxito: o bispo de Hipona tornara-se um dos principais poderes fácticos da rexión, e da Igrexa que liderava, na instituiçón que obstentava unha indisputada hexemonia no Norte de África. Porém, do recém-baptizado que sonhava com unha vida de contemplaçón e aperfeiçoamento espiritual e que via o mundo como a bela criaçón da bondade divina, xá quase non habia sinal. Os anos dedicados à conduçón de um rebanho de pecadores, ao exercício do poder e às intrigas (a que se entregou sem grandes perturbaçóns) tiveram o seu preço. O pensamento de Santo Agostinho tinxiu-se, entón, de forma lenta mas inexorábel, de tons cada vez mais pessimistas e sombrios. Para isto contribuiu ainda, de forma decisiva, um acontecimento de enorme envergadura que fez tremer os alicerces da história. O vintiquatro de Agosto do 410, as hostes godas, dirixidas por Alarico, conseguirom entrar em Roma e saqueárom-na, após oitocentos anos de inexpugnabilidade (o último saque, fora o dos gauleses de Breno, no 390 a. C.).

E. A. DAL MASCHIO