O RENTÁBEL OFÍCIO DE SER NEGRO (II)

Deixamos a madrigueira e saímos para a luz do Paralelo, que à unha do meiodia, era unha rua sem sombra das perversóns nocturnas. Mas também sem as suas luzes, a sua vida, e a sua grandeza. As aspas do “Molino” parecián um enorme fósil. Ao “Molino”, alguns o chamabam “Rojo”; polo de París, claro. E, mais que nada, para poder dizer “rojo” sem ningúm contratempo. Eu tinha medo que, se non escapaba da fame que me torturaba desde dias atrás, acabaría num espectro como aquel extraño ser endemoniádo. Ao entrar no bar, tíbo que notar a minha fraqueza, pois, sem perguntar-me, ordenou: -Come! E comím: um bocata de pernil e unha cervexa “San Miguel”, outro bocata de mortadela e mais cervexa; e de sobremesa, meia “tortilla de patacas”. Logo para rematar, um café com leite, um “croissant” e um “carajillo” de “Terry”, que me encantaba e fazía séculos que non cataba por falta de dinheiro. O “cadáver” observaba, com um sorriso de piedade que, nel, parecía mueca sinístra. Quando me víu saciádo, explicou-me o asunto em questón. Na realidade, a “Academia”, como tal centro de preparaçón, non existía e, polo tanto, el non era director de nada; daba algunhas classes particulares que lhe axudabam a malviver com infinitas dificuldades. Pretendía ser um intermediário entre famîntos cultos e ricos torpes, incapaces de aprobar os estudos. Tratába-se, em suma, de apresentar-se aos exámes suplantando a outros. Esse risco penal, ademais de administractivo, pois mediaba falsificaçón de documentos, só o podíam afrontar desesperados da vida que soubessem latim. Ignoro, se eu era um desesperado da vida, mas latím sabía unha barbaridade e non tinha grande cousa que perder. Era a primeira vez que don António, que assim se chamaba aquel fantasma, punha em práctica a sua ideia do “negro de exámes”. Até entón, ou non tinha encontrado ninguém com conhecimentos suficientes, ou, se o encontrou, non lhe pareceu pessoa de fiar.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO

Deixar un comentario