
Xá referí, no princípio, que o pai de Hegel tinha unha posiçón social folgada, daí que após a sua morte, em 1799, unha herança partilhada tenha proporcionado a Hegel unha certa autonomia económica que lhe permite renunciar às suas funçóns de preceptor em Frankfurt e entregar-se plenamente à actividade teórica; entre outras cousas, para estabelecer a “Diferença entre os Sistemas Filosóficos de Fichte e Schelling”, publicado em 1801, e avançar na sua tese final que, como vimos, defendeu a 27 de Agosto desse mesmo ano em Jena, onde, por recomendaçón de Goethe, tinha sido nomeado professor. Non vou voltar ao episódio de Ceres. Referirei simplesmente que, na sua tese, Hegel se opôn violentamente a Newton, non só a propósito dos resultados xerais da ciência, mas também, e principalmente, em relaçón à sua concepçón xeral. Assim, o “De Orbitis Planetarum” apresenta em estado embrionário a disposiçón de espírito que estará, mais tarde, por trás da concepçón hegeliana da natureza, exposta na chamada “Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Epítome”. Xá no primeiro texto, Hegel parece fascinado pola ideia de unha ciência puramente necessária. Mas o que é isso de unha ciência “necessária”? Trata-se de unha ciência puramente deductiva e sem outra limitaçón além da imposta polas premissas lóxicas das quais a razón parte; unha ciência cuxa lexitimidade non tem de ser referendada por unha realidade empírica, considerada independente da razón. Se se constatasse que na dita ciência as premissas de partida resultassem das conclusóns delas derivadas, teríamos entón unha ciência que se pecha em si mesma, que se alimenta de si própria, portanto, unha ciência libre. Se, além disso, essa ciência estivesse em condiçóns de deduzir a “realidade” à qual, segundo o empirismo, se debe adequar a razón, entón, para além de libre, a ciência seria holística, non no sentido em que abordaria o todo (holos, em grego), mas em que ela própria constituiría o Todo. Temos, no segundo ponto, a essência do idealismo absolucto. No fundo, reside aqui a platónica concepçón de que, sendo os fenómenos empíricos um mero reflexo instábel e perturbado da realidade das ideias, subordinar o encadeamento racional destas à conformidade com a “empiria” constituiria unha espécie de inversón de hierarquia. Como o leitor pode constatar, estou a tentar vincular as etapas da vida de Hegel a momentos-chave na configuraçón do seu pensamento. Em xeral, considéra-se que a vida de um autor carece em si própria de interesse filosófico, embora, eventualmente, possa ter um interesse histórico ou literário, mas isso é ainda mais válido tratando-se de Hegel, para quem, como indica Santayana, a subxectividade empírica é irrelevante, excepto quando é unha expressón de acontecimentos que marcam o devir colectivo. Daí que convenha agora avançar com alguns pressupostos-chave do sistema, para mais adiante retomar o curso da vida de Hegel.
VÍCTOR GÓMEZ PIN