Arquivos diarios: 10/05/2023

NICOLAU COPÉRNICO (DE REVOLUTIONIBUS)

Treze séculos separam Nicolau Copérnico (1473-1543) de Ptolemeu (85-165). A cosmoloxia aristotélica e os cálculos astronómicos ptolemaicos tinham sido, durante todo esse tempo, a referência para os estudiosos. Apesar de toda a carga histórica, Copérnico atreveu-se a dar a volta à tradiçón e a situar o Sol no lugar privilexiado que tinha estado a ser ocupado pola Terra. A teoria heliocêntrica, que estabelece que é o Sol que permanece imóvel no centro do universo, enquanto a Terra, xuntamente com o resto dos planetas, orbita em seu redor, orixinou unha mudança de perspectiva radical. Outros, como os antigos gregos, xá tinham chegado a esboçar unha explicaçón semelhante anteriormente, mas o mais relevante e o que pretendemos salientar aqui, sem entrar em pormenores técnicos, é que a teoria heliocêntrica non resolvia, a nível matemático, nada que a astronomia ptolemaica non pudesse assumir com algunhas modificaçóns. Entón, porque conseguiu impor-se? Non se debe apenas à teoria das elipses dos planetas, que Kepler formularia, nem às observaçóns de Galileu, apesar de estes terem indubitabelmente axudado a apoiar a componente astronómica da obra de Copérnico. A sua teoria ia para além de algo meramente técnico e tinha importântes implicaçóns sociais. Os anos non tinham passado em ván para o sistema ptolemaico, que acumulaba correçóns e variaçóns, unha vez que os astrónomos o tinham ido complicando para lá caberem as novas descobertas. E embora o “De revolutionibus” de Copérnico fosse um libro muito técnico, que só os especialistas podiam entender, os seus complicados cálculos respondiam a unha visón do universo mais simples do que a que Ptolemeu apresentaba. A dificuldade matemática do texto permitiu que fosse recebido sem demasiadas críticas por parte do grande público. As suas teses consolidaram-se nos círculos dos entendidos, onde foi ganhando fama como alternativa à astronomia ptolemaica, por fornecer unha explicaçón para os fenómenos celestes igualmente válida, mas mais de acordo com o que realmente acreditabam que acontecia no universo. Quando a obra de Copérnico saltou do âmbito académico para o público em xeral, fê-lo xá reforçada polas contribuiçóns de outros estudiosos que tinham bebido da sua teoria e a tinham desenvolvido seguindo os seus princípios. A ideia xeneralizada segundo a qual a Terra ocupaba o centro da Criaçón começou a perder força, e vislumbrou-se unha mudança que podia questionar a proeminência e superioridade dos humanos perante o resto dos seres. O problema, estaba, em que essa deslocaçón podia questionar a perfeiçón divina, unha vez que, se os seres humanos eram a maior obra de Deus e estabam feitos à sua imaxem e semelhança, por que razón non os colocou no lugar central? Non era só isso: a teoria copernicana implicaba a ruptura com o cosmos aristotélico das duas esferas, que separaba a realidade terrena da celeste, e que encaixaba muito bem com a doutrina cristán. Muitos pensaram que aquele novo discurso era apenas unha maneira de falar que os técnicos utilizavam para poderem fazer os seus prognósticos, mas a visón renovada que proporcionaba foi-se estabelecendo pouco a pouco. Depois de Copérnico vieram outros que se atreveram a defender e a ampliar as suas teorias, como Kepler, Galileu ou Giordano Bruno que, através das suas observaçóns e hipóteses, puxérom em dúvida a ordem do mundo.

SERGI AGUILAR