
No mundo grego do século VII a. C. costuma-se destacar, de forma practicamente unânime, um acontecimento que alterará o destino da humanidade: o nascimento da filosofia. De facto, nesse momento da história aparece, nas costas Xónicas, unha série de personáxes que enfrentam o mundo, adoptando unha actitude radicalmente nova. Tales, Anaxímenes e Anaximandro xá non recorrem a explicaçóns sobrenaturais ou míticas ( em poucas palabras, à vida e milágres de Zeus e companhia), mas visam desvelar os fenómenos naturais unicamente com a axuda da intelixência e de argumentos racionais. Embora as suas respostas possam parecer-nos hoxe em dia arbitrárias ou puerís (se bem que conviria non esquecer que em pleno século XXI, há quem reze à Virxem para resolver o desemprego ou os problemas económicos de um país), essa actitude constitui um autêntico marco na história da humanidade, do qual com o tempo surxirám a filosofia e a ciência. Nos seus primeiros passos, a atençón filosófica dirixe-se para o mundo natural, a “physis”, caracterizada polo contínuo e permanente devir: a madeira consumida polo fogo transforma-se em cinzas, os astros mudam de posiçón no céu, os seres vivos (e entre eles os homes) nascem, crescem e desaparecem. ¿Mas se tudo muda, o que é o real? O trabalho desses primeiros filósofos naturais destina-se à procura de um “primeiro princípio”, daquilo que permanece e subxáce à mutabilidade: o “arché”. Sexa qual for a soluçón adoptada por uns e por outros, a questón fundamental que convém explicar é a da mutabilidade e, como consequência desta, a conciliaçón da ideia de unidade (realidade subxacente) com a de multiplicidade (de fenómenos e casos nos quais se manifesta). Vexámos porquê. Num dia de calor, se enchermos um recipiente com água e o deixarmos ao sol, passadas unhas horas a água ter-se-á evaporado e ter-se-á misturado com o ar. Nos dias mais frios do inverno, essa mesma água conxéla e transforma-se em xêlo. Desapareceu entón a água e apareceu no seu lugar, o xêlo? Se assim for, se non houver nada que irmâne a água e o xelo, unha continuidade entre unha e o outro, porque é que, quando está frio e desaparece a água, aparece sempre no seu lugar o xêlo e non, por exemplo, um litro de bom vinho ou um estufado de borrego? Parece mais razoábel supor que existe “algo” que permanece mas que se mostra sob diversas formas. Se assim for, tanto a água como o xêlo “som” na realidade esse algo (o ser) que adopta “aparências” diferêntes. Suponhamos que somos uns bons e abnegados pitagóricos e, como tal, optamos polos números como esse “”primeiro princípio”, a estructura última da realidade que subxáz aos fenómenos da nossa experiência. Assim sendo, a bela rapariga ou algo charmoso para o qual se nos escapou o olhar, som na realidade números… ¿Som na realidade? ¿Significa entón que nem a rapariga nem a cousa som? ¿Non existem? ¿Se a realidade é “una”, a pluralidade das suas manifestaçóns non é mais do que unha ilusón? Nós que acreditávamos que isso do “dilema do uno e do múltiplo” non era mais do que um aborrecido passatempo dos antigos gregos e, aparentemente, quase sem nos apercebermos, démos de caras com ele.
E. A. DAL MASCHIO