Arquivos diarios: 08/04/2023

WITTGENSTEIN (OS SUICIDAS DE VIENA)

“Como posso ser um lóxico se ainda non som um home?”, perguntaba Wittgenstein nunha carta a Russell. Que a lóxica e a ética eram a mesma cousa, o deber em relaçón a si próprio, tinha-o aprendido com Weininger. O ponto de partida certeiro na vida e na filosofia consistía em axustar contas consigo mesmo, em batalhar contra o próprio modo de ver a realidade. Wittgenstein também admirava a autenticidade com que Weininger enfrentou os seus problemas, a sua franqueza e falta de afectaçón, a sua disposiçón para ir directamente ao essencial, embora non estivesse de acordo com grande parte dos conteúdos da sua filosofia. É mais do que perceptíbel no trabalho de Wittgenstein a marca de unha obra de Weininger que aquele tinha lido na sua adolescência, “Sexo e Carácter”, publicada em 1903. O libro tinha sido um êxito enorme em Viena, e o posterior suicídio de Weininger -com apenas vintitrês anos, na casa onde tinha morto Ludwig van Beethoven!- fora interpretado como a consequência lóxica, ética inclusive, como o único desenlace coherente para essa luta espiritual. Naquela Viena de suicidas, forom muitos os que seguirom o seu exemplo. Resulta esclarecedor que Wittgenstein quisesse que fosse o editor de “Sexo e Carácter” a publicar o “Tractatus”, que esperasse encontrar um interlocutor válido em quem tinha sido capaz de apreciar o texto de Weininger. Tanto Wittgenstein como Weininger viveram com amargura a decadência que vislumbravam nos tempos modernos, caracterizados polo declínio das artes e pola preponderância da palabra “progresso”. Tal como Kraus, Weininger interpretou, nunha perspectiva xudaica, os aspectos da civilizaçón que considerava negativos e descreveu o que sucedia à sua volta em termos de unha polaridade sexual entre o masculino e o feminino. Mas Weininger foi mais além, aplicando ambas as cousas ao seu interior: sentia-se xudeu e mulher. Numa situaçón vital parecida, Wittgenstein leu com intensidade as páxinas deste xénio suicida. É necessário ter em conta que a homossexualidade masculina foi quase um terreno tabú para o próprio Freud (que também non estudou a fundo a feminina). De facto, entendeu a homossexualidade como um processo de inversón derivado de unha experiência infantil de certa forma traumática e referiu-se a tal inclinaçón como unha perversón e unha aberraçón.

CARLA CARMONA