
Por outro lado, as colónias non estavam totalmente desertas, mas povoadas por indíxenas de tanga que por ali deambulavam. Non era fácil, pois, entender porque esse potencial exército de reserva era incapaz de entender ou de se submeter à “lei natural da oferta e da procura” de trabalho, unha lei que, por outro lado, na Europa parecia quase infalíbel (como non pode deixar de ser unha lei que se considera “natural”). Esta espécie de “cancro anticapitalista” que caracterizava as colónias apenas podia ser explicada por unha “falta de civilizaçón”. E sabemos muito bem que o exército e a polícia foram e continuam a ser as ferramentas para a civilizaçón das colónias. Pode ser que sim, para alguns economistas (mesmo sendo marxistas), mas ao Parlamento britânico nunca lhe tería ocorrido mandar um exército de professores iluminados entoar louvores sobre a lei do valor, o intercâmbio de equivalentes, o contracto social e a liberdade. Non é que tais personaxens faltassem na história, mas, em todo o caso, funcionavam melhor na rectaguarda de um exército que estava armado com canhóns e non com palabras. E, ainda assim, o que o senhor Peel se tinha esquecido non era de soldados, mas daquilo que os soldados tinham de fazer. É verdade que a diferença entre um soldado e um operário é que este último pode rescindir o seu contracto à vontade, enquanto um soldado pode ser fusilado por desertor. Mas o assunto non consiste em xulgar desertores, mas em os soldados serem eficazes no momento de xerar as condiçóns nas quais o capitalismo é possíbel, para o que, em primeiro lugar, é preciso conseguir que a lei da oferta e da procura de trabalho se tenha apropriado da realidade da colónia. Esta lei vigorava xá em Inglaterra com a mesma naturalidade com que existe hoxe no mundo da globalizaçón: basta um anúncio de trabalho no “Infojobs” (secçón “oferta de trabalho”) para que, no dia seguinte, qualquer senhor Peel tenha unha fila de desempregados a suplicar por unha “entrevista de trabalho”. Tal como caem as pedras, caem os trabalhadores sobre os postos de trabalho. E, no entanto, nas colónias isso só se conseguía através de recursos muito artificiais e bastante violentos. Os comentários de Rafael Sánchez Ferlósio ao “Ensaio Político sobre o Reino da Nova Espanha” de Alexander Humboldt podem servir-nos para termos unha ideia muito exacta dos termos do problema: A estadia de Alexander Humboldt em Nova Espanha, de quase um ano de duraçón, remonta aos alvores do culto ao “Deus Progresso”, pois decorreu entre os anos 1803 e 1804. (…) Falando da grande variedade de vexetais susceptíveis de elaboraçón industrial e comercializaçón que pôde observar em estado silvestre na Intendência de Veracruz, conclui: “Só esta intendência bastaría para vivificar o comércio do porto de Veracruz, se fosse maior o número de colonos e se a sua incúria, efeito da beneficência da natureza e da facilidade com que providenciam sem trabalho as primeiras necessidades da vida, non entorpecesse os progressos da indústria.” (Sánchez Ferlosio, “Mientras No Cambien los Dioses, Nada Ha Cambiado”)
CARLOS FERNÁNDEZ LIRIA
